A segurança na aviação tem sido uma preocupação constante ao longo dos anos, e uma nova ameaça pode estar a emergir. Após o ataque que desativou simultaneamente milhares de pagers do Hezbollah, crescem as inquietações sobre o impacto potencial que este tipo de ciberataques pode ter em aviões comerciais, levantando a hipótese de uma possível proibição de dispositivos eletrónicos a bordo, como telemóveis e computadores.
Telemóveis: bombas disfarçadas?
A operação “Below the Belt”, alegadamente realizada por Israel, revelou-se um ataque de alta sofisticação ao destruir milhares de pagers usados pelo Hezbollah de uma só vez. Embora este ataque tenha ocorrido no contexto do conflito no Médio Oriente, o seu efeito transcende a região, tocando nas preocupações globais sobre cibersegurança, especialmente no contexto da aviação.
Com o uso massivo de dispositivos como telemóveis, portáteis e tablets em voos comerciais, conectados a redes Wi-Fi e aos sistemas de entretenimento a bordo, surge uma nova ameaça: será que é possível replicar este tipo de ataque em dispositivos eletrónicos a bordo de aviões? Esta é a questão que inquieta os especialistas em segurança.
A operação evidenciou a capacidade de Israel penetrar nas redes do Hezbollah e do Irão, mas também sugeriu que ataques digitais semelhantes podem vir a representar uma ameaça direta à segurança aérea. A principal preocupação é que, tal como foi feito com os pagers, os telemóveis ou outros dispositivos eletrónicos possam ser detonados remotamente, o que levanta questões de segurança mais amplas sobre o transporte de aparelhos eletrónicos em aviões.
Um novo paradigma de segurança aérea?
Segundo Michael Rubin, especialista em questões do Médio Oriente e ex-oficial do Pentágono, este evento sugere que as ameaças à segurança aérea podem estar a evoluir. “As regras de segurança, que até agora se concentravam em líquidos e objetos cortantes, podem ter de ser revistas para focar novas ameaças digitais”, afirma Rubin. A questão que se impõe é se a segurança dos aviões pode ser comprometida através da sobrecarga dos sistemas eletrónicos a bordo, ou até se é possível causar explosões de telemóveis e computadores a partir de um simples sinal enviado a 30.000 pés de altitude.
Estes riscos fazem com que muitos se perguntem se será seguro continuar a permitir o transporte de dispositivos eletrónicos na cabine ou mesmo no porão dos aviões. Será que os dispositivos terão de estar ligados para serem vulneráveis a um ataque? Ou basta transportá-los a bordo para que o risco exista?
Operação “Under the Belt” e as suas implicações
A operação “Under the Belt” expôs a fragilidade de grupos terroristas como o Hezbollah face à capacidade cibernética de Israel. Os pagers utilizados pelo Hezbollah, fornecidos pelo Irão, foram destruídos em simultâneo, revelando a sofisticação tecnológica por detrás do ataque e a vulnerabilidade de equipamentos considerados, à partida, rudimentares.
Embora este ataque tenha tido como alvo o Hezbollah, as suas implicações podem ter repercussões em várias indústrias, incluindo a aviação. A possibilidade de que uma tecnologia semelhante possa ser utilizada para comprometer dispositivos eletrónicos em aviões está a preocupar as autoridades de segurança em todo o mundo. “Desde os ataques de 11 de setembro de 2001 que a segurança da aviação mundial foi reforçada, mas estamos agora a enfrentar um novo desafio”, sublinham os especialistas, citados pelo Pplware.
O futuro da aviação e a segurança cibernética
Dada a crescente interligação entre dispositivos eletrónicos e sistemas de comunicação em aviões, a segurança cibernética torna-se um fator central para a aviação. Apesar de não haver ainda indicações concretas de que uma proibição de dispositivos eletrónicos esteja iminente, a possibilidade não pode ser descartada. A operação “Under the Belt” demonstrou que as ameaças digitais são reais e podem vir a redefinir a forma como encaramos a segurança aérea no futuro.
Este ataque, embora direcionado a uma organização específica, abre uma nova frente na luta contra o terrorismo e na proteção de infraestruturas críticas, como a aviação. Se antes as medidas de segurança se centravam no controlo de líquidos e armas a bordo, agora é possível que as futuras restrições envolvam também os dispositivos eletrónicos, numa tentativa de mitigar esta nova ameaça.
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