Nos últimos anos, o conceito de “cidades 15 minutos” tem ganho relevância a nível global, promovendo uma forma de urbanismo que coloca o bem-estar e a sustentabilidade no centro do planeamento urbano. Este modelo defende que os residentes devem ser capazes de aceder às suas necessidades diárias, como trabalho, escolas, saúde, lazer e comércio, num raio de 15 minutos, seja a pé ou de bicicleta. Este ideal visa não só melhorar a qualidade de vida dos cidadãos, mas também reduzir a dependência do automóvel, promovendo um estilo de vida mais saudável e sustentável. Mas, afinal, quais são as cidades portuguesas que se alinham com esta visão?
O que é uma cidade “15 minutos”?
Uma cidade “15 minutos” é, na sua essência, uma cidade ou bairro onde tudo o que os residentes precisam para o seu dia a dia se encontra a uma curta distância. De acordo com Carlos Moreno, o urbanista que popularizou este conceito, os principais pilares desta filosofia de planeamento urbano incluem:
- Proximidade: Todos os serviços essenciais, como lojas, escolas, hospitais e espaços de lazer, devem ser acessíveis sem a necessidade de deslocações longas.
- Sustentabilidade: A promoção de meios de transporte ecológicos, como caminhar ou andar de bicicleta, é central para reduzir as emissões de carbono e promover um ambiente urbano mais limpo.
- Polivalência: Os bairros devem misturar diferentes funções – residenciais, comerciais e de lazer –, evitando uma separação rígida entre estas áreas.
- Segurança e qualidade de vida: Com mais pessoas nas ruas, os espaços tornam-se mais seguros e vibrantes, fomentando uma maior coesão social.
- Infraestruturas adequadas: As cidades devem estar equipadas com boas infraestruturas que facilitem a mobilidade pedonal e ciclável, assim como proporcionar espaços públicos de qualidade para interação social.
As “cidades 15 minutos” portuguesas
Com a crescente atenção a este conceito, algumas cidades portuguesas têm demonstrado uma capacidade natural para se encaixar neste modelo. De acordo com um estudo recente conduzido por Matteo Bruno, físico na Sony Computer Science Laboratories, e apoiado em dados de fontes “open-source”, foram identificadas 10 cidades em Portugal que já se aproximam deste ideal de proximidade e funcionalidade. Estas cidades são:
- Viseu
- Braga
- Coimbra
- Aveiro
- Faro
- Porto
- Póvoa de Varzim
- Viana do Castelo
- Guimarães
- Lisboa
Porquê estas cidades?
Cada uma destas cidades portuguesas apresenta uma combinação de fatores que as torna próximas do modelo “15 minutos”. Seja pela densidade dos serviços oferecidos, pela facilidade de mobilidade ou pela crescente aposta em infraestruturas sustentáveis, estas cidades destacam-se pela capacidade de oferecer aos seus habitantes um acesso rápido e fácil às necessidades do dia a dia, sem depender excessivamente do automóvel.
Lisboa e Porto, por exemplo, têm feito investimentos significativos em infraestruturas para mobilidade sustentável, como ciclovias e zonas pedonais, para além de desenvolverem programas de habitação e comércio que visam evitar a segmentação rígida dos bairros. Cidades como Braga e Coimbra, por seu lado, são conhecidas pela organização dos seus centros históricos, que concentram uma vasta gama de serviços a uma curta distância das áreas residenciais.
Um futuro urbano mais sustentável
Com o crescimento das cidades e os desafios ambientais a que estamos cada vez mais expostos, o conceito de “cidades 15 minutos” parece ser uma solução de futuro. Ao promover a proximidade entre casa, trabalho e lazer, reduz-se a necessidade de deslocações longas, contribuindo para uma diminuição das emissões de gases com efeito de estufa. Ao mesmo tempo, os cidadãos ganham mais tempo livre, uma melhor qualidade de vida e um maior sentido de comunidade.
Como refere Matteo Bruno, os resultados deste estudo foram surpreendentes: “As cidades que aderem a este conceito em Portugal são bastante diversas, desde grandes centros urbanos a cidades mais pequenas, o que demonstra que o modelo ’15 minutos’ pode ser adaptável a diferentes realidades”.
Com uma visão de futuro mais ecológica e centrada nas pessoas, as “cidades 15 minutos” emergem como uma resposta eficaz aos problemas de mobilidade e de sustentabilidade que enfrentam as sociedades modernas, com Portugal a dar passos significativos nesta direção.
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