Para alguns será difícil acreditar que em Portugal não se fala apenas português, mas a verdade é que há um concelho do nosso país, cujas aldeias não têm o português como língua materna. Apesar de também se ouvir falar a primeira língua oficial do nosso país neste concelho, o que predomina em Miranda do Douro é o mirandês. Na aldeia de Paradela, por exemplo, o mirandês ainda é utilizado no dia a dia para comunicar.
A aldeia de Paradela, situada no concelho de Miranda do Douro, encontra-se no ponto mais oriental de Portugal e, ali, a vida corre devagar, ao ritmo das tarefas agrícolas. Nesta pequena localidade com pouco mais de 200 habitantes, sobretudo idosos, o mirandês continua a ser a língua materna. Ali continuam a viver-se as tradições do passado, embora muitos dos habitantes tenham deixado a aldeia para procurar melhores condições de vida no estrangeiro.
No entanto, segundo avança o Jornal do Nordeste, ao percorrer as ruas da aldeia de Paradela irá ouvir falar três línguas: “o mirandês, que é a língua materna, o português, trazido pelos ‘fidalgos’ de Miranda, e o castelhano, trazido pela rádio e televisão e pelos vizinhos oriundos da localidade do Castro, que se deslocam com frequência a Paradela para o tradicional convívio entre as gentes da raia”.
Refere a mesma fonte que investigadores apontam que, em 2010, existiam cerca de 12 mil pessoas espalhadas pelo país e pelo mundo a falar mirandês, contudo, um estudo da Universidade de Vigo concluiu que, em março de 2020, a língua era conhecida de cerca de 3500 pessoas, das quais cerca de 1500 eram capazes de a falar regularmente. Quer isto dizer que não há certezas quanto ao número de pessoas que realmente conhecem este idioma.
O que se sabe é que o mirandês é a segunda língua oficial de Portugal há quase 25 anos. A 29 de janeiro de 1999 foi publicada em Diário da República (DR) a Lei n.º 7/99 que reconhecia oficialmente os direitos linguísticos da comunidade mirandesa.
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