Meio século após a última missão tripulada, em dezembro de 1972, quando os astronautas da Apollo 17, Eugene Cernan e Harrison Schmitt, fizeram aquela que seria a última caminhada lunar, a NASA tinha tudo preparado para, esta segunda-feira, iniciar a primeira etapa da volta à Lua.
No entanto, o lançamento da missão Artemis I teve de ser adiado, devido a uma fuga de hidrogénio líquido logo durante o abastecimento do foguetão Space Launch System (SLS), o que causou um sobreaquecimento no terceiro dos quatro motores.
A próxima data possível para efetuar o lançamento é esta sexta-feira, 2 de setembro, pelas 17h48 (horário de Lisboa). Caso não seja possível, há outra janela de oportunidade em 5 de setembro.
O lançamento tem um intervalo de tempo de duas horas para ser efetuado a partir da plataforma 39B no Kennedy Space Center da NASA, na base do Cabo Canaveral, na Flórida.
O colossal Space Launch System é o foguetão mais potente alguma concebido, com uma altura de 98 metros, equivalente a um prédio de 32 andares, e vai empurrar a espaçonave Orion para uma órbita terrestre, de onde seguirá depois para a Lua.
Esta será a primeira de três missões que integram o programa Artemis, nome com um simbolismo especial, uma vez que na mitologia grega Ártemis é a irmã gémea de Apolo. Ela é a deusa da Lua, ele é o deus do Sol.
O nome adquire um significado ainda mais especial, pela particularidade de o programa Artemis ter como objetivo colocar a primeira mulher e a primeira pessoa não branca na Lua. Isso só deverá acontecer no final de 2025 ou em 2026, quando for lançada a Artemis III.
Por enquanto, a Artemis I fará apenas uma viagem sem pessoas a bordo, o que não quer dizer que não tenha tripulação. A espaçonave Orion, com capacidade para quatro astronautas e pensada para viagens de longa distância no espaço profundo, terá como passageiros duas mascotes bem conhecidas, o Snoopy, enviado pela NASA, e a Ovelha Choné, em representação da Agência Espacial Europeia (ESA).
Além disso, a tripulação desta missão inaugural é também composta por três manequins, com sensores instalados para medir o impacto da aceleração e o conforto térmico, entre outros parâmetros, tudo para perceber o que aconteceria ao corpo humano.
A odisseia da Artemis I durará 42 dias e vai percorrer mais de 450 mil quilómetros, fazendo um voo orbital em torno da Lua, até regressar à Terra, onde fará a reentrada na atmosfera a uma velocidade de 32 mil km/h, podendo aquecer até 2 mil graus Celsius.
- Texto: Expresso, jornal parceiro do POSTAL