Durante uma ou duas décadas, o vinho tinto foi elogiado como sendo um elixir para a saúde cardiovascular. Mas o que aconteceu para essa narrativa mudar?
Num episódio do ano de 1991 do programa 60 Minutes, o jornalista Morley Safer, da CBS, levantou a questão do chamado “paradoxo francês”: como é que os franceses podiam consumir alimentos ricos em gordura e, ainda assim, apresentarem taxas mais baixas de doenças cardíacas em comparação com os americanos.
A resposta, sugeriu Safer ao erguer um copo de vinho tinto, estava nesta bebida.
Na época, de acordo com o Diário de Notícias, muitos médicos acreditavam que tinha propriedades “purificadoras” que impediam a formação de coágulos sanguíneos nas artérias, reduzindo assim o risco de ataques cardíacos.
Vários estudos apoiavam essa ideia, e a dieta mediterrânica, que incluía o consumo moderado de vinho tinto, era vista como benéfica para a saúde cardiovascular.
Mas foi só após o episódio do programa 60 Minutes que a ideia de que o vinho tinto era uma bebida saudável se disseminou amplamente. Um ano depois, as vendas de vinho tinto nos EUA aumentaram 40%.
No entanto, ao longo dos anos, alguns pesquisadores começaram a questionar os estudos que apoiavam essa teoria. Descobriu-se que os supostos benefícios do álcool para o coração podiam ser atribuídos a outros fatores, como o estilo de vida das pessoas que consumiam álcool com moderação.
Em 2006, uma nova análise dos estudos anteriores sobre o tema contradisse a ideia de que o vinho tinto tinha benefícios claros para o coração. Desde então, outros estudos confirmaram que o álcool, incluindo o vinho tinto, pode, na verdade, aumentar o risco de problemas cardíacos e outros problemas de saúde, como o cancro.
Atualmente, a Organização Mundial da Saúde afirma que não há quantidade segura de álcool e que o seu consumo deve ser evitado.
Embora contenha antioxidantes e outros compostos que podem ser benéficos em pequenas quantidades, não existem evidências sólidas de que seja melhor para a saúde do que outras bebidas alcoólicas.
Portanto, é hora de abandonar a ideia de que o vinho tinto é uma bebida saudável para o coração e estar ciente dos potenciais riscos associados ao seu consumo.
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