Estudo revela mutação preocupante em estirpe do vírus H5N1 com potencial para transmissão aérea entre mamíferos, incluindo humanos.
Cientistas alertam para o potencial pandémico de uma estirpe do vírus da gripe aviária H5N1, após um estudo revelar a sua capacidade de transmissão por via aérea entre furões. A descoberta levanta preocupações sobre o risco de contágio para humanos, especialmente à luz da recente deteção de H5N1 altamente patogénica em gado leiteiro nos Estados Unidos, como nos explica o Executive Digest.
Transmissão Aérea Confirmada em Furões
O estudo, publicado na revista Nature Communications, focou-se numa estirpe do H5N1, subtipo clade 2.3.4.4b, responsável por um surto em visons criados em cativeiro em 2022. Através da reconstrução do vírus e de testes em furões, os investigadores da Penn State confirmaram a sua capacidade de transmissão por via aérea.
“Embora não haja evidências de que a estirpe de H5N1 atualmente a afetar o gado leiteiro seja capaz de transmissão aérea, o nosso estudo sugere que outro membro desta família de vírus evoluiu para ter algum grau de transmissibilidade aérea”, explica Troy Sutton, professor associado de ciências veterinárias e biomédicas na Penn State e autor principal do estudo.
Mutação Aumenta Risco
Uma mutação genética designada PB2 T271A foi identificada como potencialmente responsável pela transmissão aérea e pela gravidade da doença em furões. A equipa do estudo criou uma versão do vírus sem esta mutação e verificou que a mortalidade e a transmissão aérea foram reduzidas em furões infetados.
“Compreender o papel desta mutação permite-nos monitorizá-la ou identificar mutações semelhantes nas estirpes de H5N1 atualmente em circulação”, refere Troy Sutton.
Risco para Humanos Ainda Incerto
Embora a estirpe do vírus dos visons não tenha demonstrado a mesma transmissibilidade dos vírus da gripe pandémica, os investigadores alertam para o risco de evolução do vírus com o passar do tempo e a sua crescente exposição a humanos. A falta de imunidade pré-existente à gripe em furões, ao contrário da maioria dos humanos, pode ter subestimado o potencial pandémico do vírus.
“A estirpe de H5N1 que afeta o gado também não causou doença grave em gado ou humanos, mas quanto mais tempo o vírus circular e quanto mais exposição os humanos tiverem a ele, maiores serão as hipóteses de ele evoluir para infetar humanos”, conclui Sutton.
Vigilância e Prevenção Cruciais
O estudo sublinha a importância da vigilância contínua para monitorizar a evolução do vírus e a sua potencial transmissão para mamíferos, incluindo humanos. O acompanhamento de mutações como a PB2 T271A é crucial para avaliar o risco e desenvolver medidas de prevenção adequadas.
Medidas de Proteção Individuais
Embora não existam evidências de transmissão aérea da estirpe de H5N1 que afeta o gado leiteiro, as medidas de precaução contra a gripe aviária continuam relevantes. Lavar as mãos com frequência, evitar o contacto com animais doentes e cozinhar aves completamente são medidas essenciais para reduzir o risco de contágio.
A descoberta da transmissão aérea do H5N1 em furões levanta preocupações sérias sobre o potencial pandémico do vírus. Vigilância, investigação e medidas de prevenção individual e pública são essenciais para mitigar o risco e proteger a saúde pública.
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