Nunca a Europa, excluindo, naturalmente, a parte da Rússia que vai até aos Urais, teve, ao contrário do pretendido pelos maldizentes de sempre, um conjunto de governantes tão iluminados, tão dignos dela!
Senão, repare-se:
Começaram por nos dizer que os russos, militarmente, não passavam de «simples tigres de papel», mal calçados, pior comandados e a terem de retirar chips de eletrodomésticos para colocarem em velhos tanques da era soviética, para, agora, verem neles uma ameaça capaz de extravasar a Ucrânia e vir pela Europa fora, arrasando tudo pela frente, só parando em Lisboa, onde, conforme denuncia o nosso génio militar Major-General Isidro, nem uma Assembleia da República disporá dum sistema de defesa antimísseis! Ao menos, que se pudessem salvar os representantes do povo, mesmo que o povo pudesse ir todo para o galheiro, por sistemas antimísseis não haver para os proteger!

Jurista
E como essa paz 'justa e duradoura' nunca mais tem lugar, entre disputas por terras e minerais ucranianos, a guerra bem pode continuar, com milhares de mortos, feridos e um país cada vez mais destruído
Entretanto, para fazer face a essa ameaça, pretendem gastar biliões de euros no desenvolvimento de toda uma indústria militar, ainda que os russos, antipaticamente, possam vir até Lisboa antes de a dita produzir os seus frutos, uma vez que nos pedem para, desde já, termos um «kit de sobrevivência» que dê para três dias, pois uma qualquer bomba nuclear que os russos possam, eventualmente, vir a utilizar, perderá qualquer efeito ao fim desse tempo, como qualquer iluminado saberá!
Ângela Merkel e François Hollande, chanceler alemã e presidente francês, respetivamente, à data dos acordos de Minsk, dizem-nos que os mesmos nunca foram para cumprir, mas, apenas, para dar tempo à Ucrânia de se armar, procurando-se, assim, enganar os russos, mas o nosso António, não o santo e pobre franciscano, mas o bem remunerado e engravatado Presidente do Conselho Europeu, em entrevista recente à CNN, garante que a Rússia é que nunca quis cumprir tais acordos! Merkel e Hollande só poderão ser, pois, uns refinados mentirosos, convertidos, entretanto, ao «putinismo»!
A Rússia, dizem-nos, fruto da guerra e das sanções que lhe têm sido aplicadas, mostra-se à beira de todo um colapso económico, mas continuamos a ver o seu PIB crescer, enquanto uma Alemanha, tida como o motor económico da UE, se mostra há dois anos consecutivos em recessão, recessão a que não será alheia o gás e o petróleo baratos que da Rússia deixou de receber por via de tais sanções!
O «petit roi» Macron, querendo-se apresentar como o maior defensor da Europa, passa o tempo a promover sucessivos encontros de «chá e bolo» para convidados diversos, com fartura de beijocas e poses para fotos nas respetivas receções à porta do Eliseu, apresentando-lhes num dia uma «ideia» e no outro «ideia» contrária, conforme o chá servido é de tília ou de hortelã, enquanto o seu país de África vai sendo corrido (do Mali, do Níger, do Burkina Faso, do Senegal, da Costa do Marfim…), onde, curiosamente, a Rússia o seu lugar vai ocupando!
Disseram aos ucranianos para rejeitarem um tratado de paz com os russos logo no início das hostilidades entre ambos e que esteve prestes a ser assinado, já que a vitória sobre os russos estaria assegurada em meia dúzia de dias, para, mais de três anos passados e num momento, militarmente, desfavorável aos primeiros, já em paz falarem, uma paz, contudo, que pretendem «justa e duradoura», embora não especificando, exatamente, o que por ela deverá ser entendido. E como essa paz «justa e duradoura» nunca mais tem lugar, entre disputas por terras e minerais ucranianos, a guerra bem pode continuar, com milhares de mortos, feridos e um país cada vez mais destruído.
Ainda ontem nos diziam que a América (leia-se os EUA) era o «jardim dos jardins borrellianos», das sólidas instituições democráticas e grande amigalhaça da Europa, para, agora, despeitados por um Trump não lhes passar qualquer cartão, sugerirem que já não será bem assim, antes pelo contrário. Em suma, que melhores governantes do que estes a Europa poderia desejar?
Post Scriptum:
A vergonhosa e provocatória entrevista (?) dum José Rodrigues dos Santos a Paulo Raimundo, do PCP, na RTP-1, dirá bem dum certo e, cada vez mais, desprestigiado jornalismo que vai tendo lugar por aí, não se estranhando, por isso, a crise em que muito dele viverá mergulhado em termos de receitas, querendo, ainda por cima, que o subsidiemos com os nossos impostos! É preciso ter-se lata!
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