A cultura dum povo é a sua voz.
E a nossa voz para falar bem ou elogiar alguém costuma ser muda.
Temos como característica enraizada a inveja.
Esse grito negro de incapacidade própria e desvalorização alheia.
Essa manifestação de inutilidade e falta de carácter para reconhecer nos outros aquilo que não conseguimos fazer.
É assim em vida e infelizmente na morte.
Sempre que alguém parte, é espantosa a adjectivação positiva que se faz do defunto, as homenagens à sua memória épica e afins.
Diz o povo que sempre que alguém parte, parte um santo.
E quando morrem são todos bons.
Talvez fosse bom que a malta pensasse em homenagear e dizer se o apreço que se tem por alguém (se for verdadeiro) em vida para quem merece tamanho elogio possa desfrutar do mesmo e não depois de estar em cinzas ou debaixo da terra.
Manifestar o apreço, o respeito e porque não a admiração que se tem por alguém que faz bem, pratica o bem ou ambos.
Chegar ao pé de alguém e dizer-lhe “fizeste um bom trabalho” , “fizeste o que não seria capaz de fazer, parabéns”.
Tanto na vida profissional como pessoal.
Ter o privilégio de ver nos olhos aquela felicidade sem preço de quem recebe.
O coração cheio do reconhecimento por alguém.
Não custa nada, vale a pena pensar nisto.
Em vida.
P.S.: uma nota rápida para o Diogo Piçarra que tomou a decisão certa ao abandonar aquele circo. Foi preciso ter coragem para fazer aquilo.
E outra para o Júlio Resende que ontem devia ter ganho aquilo, mas infelizmente outros valores se levantam.
Dois grandes algarvios.
Dois motivos de orgulho.
Fica aqui a homenagem, em vida.