Além da sobrepesca e de alterações climáticas, o lixo marinho tornou-se numa das ameaças mais sérias que o oceano e, por consequência, a nossa sociedade enfrentam. Contudo, ao contrário de outras ameaças, esta é-nos lembrada mais frequentemente através de um simples passeio em qualquer zona da nossa costa. Onde outrora se encontravam apenas areia e rochas, podem também agora ser encontradas beatas, redes de pesca, bóias e armadilhas, garrafas de todos os tipos, latas de refrigerantes, enfim… a lista é demasiado longa.
A razão é simples – se olharmos apenas para o plástico, que é particularmente nocivo devido à sua degradação lenta e facilidade em associar-se a toxinas, descobrimos uma das fontes principais do problema. Em 2020 foram produzidas cerca de 370 milhões de toneladas de plástico, sendo que apenas 9% é reciclado. É fácil então imaginar que, embora uma considerável percentagem do restante vá parar a aterros, o oceano acaba por ser o destino final para muito deste lixo, concretamente para cerca de 14 milhões de toneladas de plástico.
Na Sciaena, somos uma pequena equipa que procura atuar em diversas frentes para combater as ameaças mais sérias que o oceano enfrenta, a partir de um país tão ligado ao mar como é Portugal. Assim, focamo-nos em temas como a sobrepesca, pesca destrutiva, alterações climáticas, lixo marinho e mineração em mar profundo, entre outros temas, onde tentamos garantir que as políticas que orientam estes assuntos sejam consistentes e consequentes. Faz também parte da nossa missão informar o público para que este seja um vetor positivo de mudança. Sobre o lixo marinho concretamente, temos lutado para que a legislação que irá efetivar a implementação de um sistema de tara recuperável em Portugal seja o mais abrangente possível no que diz respeito aos tipos de materiais, o que irá ter um enorme efeito nas taxas nacionais de reciclagem. A um nível mais local, temos trabalhado em conjunto com a Associação de Moradores da Ilha da Culatra num projeto que tem gerado conhecimento e experiências aos culatrenses sobre como reduzir, reutilizar e reciclar o lixo produzido.
Quando nos foi apresentado o projeto LIXARTE, não houve dúvidas que nos queríamos associar e ajudar como fosse possível. Este projeto tem como base limpezas de praia realizadas por alunos no Algarve, onde depois os materiais que ainda se encontram em boas condições são usados para produzir peças de arte. Estas serão posteriormente expostas em diversos locais como ferramentas de comunicação e sensibilização para o flagelo que o lixo marinho representa. A arte sempre foi uma fonte de sensibilização ou protesto, tanto em questões ambientais como sociais, e para o lixo marinho não é diferente. A grande vantagem aqui está em sensibilizar os jovens para a quantidade de lixo que está presente nas nossas águas e praias, mas também para a quantidade de plástico que utilizamos e o que podemos fazer para reduzir essa pegada. Adicionalmente, esperamos que também possamos sensibilizar os menos jovens através das peças que vão ser produzidas e expostas em diversos locais do Algarve. O lixo marinho é uma crise que não pode esperar mais para ser resolvida e não podemos esperar que os jovens se tornem adultos e tomem as rédeas. O tempo para agir é agora.
Nicolas Blanc
(Biólogo marinho, Sciaena)
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Quando descobrimos que tudo à nossa volta pode ser Arte … até o lixo!
O projeto LIXARTE – Transformar o Lixo em Arte é um projeto-piloto de diversos parceiros da região do Algarve, com a mentoria de Ana Sousa, professora da Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa. Diversas escolas, algumas inseridas no Plano Nacional das Artes e na rede Escola Azul, estão a trabalhar para construir uma tapeçaria a partir de lixo (sobretudo marinho), a apresentar publicamente, em cada escola, no dia 8 de junho – Dia dos Oceanos – promovendo assim a mensagem do EU Climate Pact, o cumprimento dos ODS – Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, e a missão do Ano Europeu da Juventude.
Participam como parceiros no projeto: o Agrupamento de Escolas Pinheiro e Rosa e o Agrupamento de Escolas Tomás Cabreira, em Faro, o Agrupamento de Escolas João da Rosa e o Agrupamento de Escolas Dr. Alberto Iria, em Olhão, e ainda a Faro2027 – candidatura de Faro a Capital Europeia da Cultura, a APA-ArH Algarve, a SCIAENA, a MOJU, o Centro Ciência Viva do Algarve e o Europe Direct Algarve.
Mais informações sobre o LIXARTE, podem ser obtidas através do Europe Direct Algarve, das redes sociais, ou de qualquer um dos parceiros apresentados nesta rubrica.
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