Na missão de partilhar e desenvolver o espírito europeu nos jovens, considero que as artes desempenham um papel fulcral pela sua flexibilidade, adaptabilidade e liberdade de ação.
Atualmente, face ao cenário de guerra, a preocupação em redor de uma Europa unida e coesa aumentou e consequentemente, tudo em redor de temas como a diversidade, o respeito e a unificação de um mundo livre foram postos em causa.
Na necessidade urgente de abordar temas que digam respeito à dignidade humana, a guerra foi o tema em destaque no nosso projeto e foi através dele que o desenvolvemos, pela arte.
Pesquisou-se as artes tradicionais da Ucrânia e deparamo-nos com uma das artistas mais importantes da Ucrânia: a pintora de arte folclórica e representante da arte naif Maria Prymachenko.
A justificação para a utilização da arte de Maria prende-se tanto pela sua estética e poder visual que transmite através dos desenhos e cores utilizadas, mas também pela motivação por trás da sua pintura: a capacidade de ver o mundo como o de uma criança; o deslumbrar com tudo como se fosse a primeira vez, agarrado à eterna luta entre o bem e o mal, onde o bem vence sempre.
Transpondo para o momento atual que vive a Ucrânia, consideramos importante perpetuar o sofrimento e a dor através da arte naif da Maria que tão bem soube abraçar a realidade com um misto de fantasia, numa tentativa de, apesar de todo o mal, devemos encarar a vida com positividade.
A intervenção artística contou com a utilização de quatro quadros (das centenas que Maria Prymanchenko pintou), desconstrui-los e transferi-los para o espaço público, que neste caso específico foram três caixas de eletricidade e uma parede espalhados por Monchique.
Os quadros escolhidos não têm nenhuma intenção direta, uma vez que não conseguimos ter acesso ao descritivo do mesmo, pelo que nos cingimos aos elementos constituintes do quadro pelo seu simbolismo (pomba branca) e pelas formas (flores e animais).
Uma das formas que existe de partilha de conhecimento e informação é através de projetos comunitários artísticos, onde a envolvência da comunidade é muito importante para que a mensagem chegue, efetivamente, a uma grande diversidade de pessoas, aliando sempre as artes. Esta, por ser uma área tão abrangente e tão pouco especializada, permite que as pessoas integrem sem a exigência de pré-requisitos artísticos.
Neste caso específico, trabalhamos com os jovens e alunos do concelho de Monchique e com as técnicas dos vários parceiros do projeto, e em conjunto, desenvolvemos o trabalho artístico, permitindo, ao mesmo tempo, a intervenção pessoal de cada um.
Ao longo do meu percurso profissional, tenho-me deparado com um grande número de pessoas de características físicas e cognitivas próprias, de diferentes graus, bem como de contextos sociais, económicos e culturais diversos, que se unem nessa capacidade intrínseca de fazer arte.
O trabalho desenvolvido neste projeto permitiu aliar as artes ao projeto europeu de cidadania e de solidariedade entre os povos. A coletividade é, atrevo-me a dizer, o caminho para uma sociedade mais justa, mais interventiva, mais unida onde a diversidade cultural é uma realidade e esta deve ser respeitada por todos. A diferença não é mais que características que nos diferem um dos outros, seja pela cor, pelo género, pela cultura e tradição, e só nos resta, como seres humanos igualitários, respeitar essas mesmas características.
* Joana Bandeira Rocha – Natural de Angola e residente em Olhão, iniciou as suas manualidades na trapologia e reutilização de tecidos e materiais na construção de novas peças artesanais e decorativas de forma autodidata. Nos últimos 8 anos desenvolveu práticas artísticas comunitárias na realização de atividades artísticas que culminavam com uma exposição ou uma instalação (arte de rua) na Associação Acaso. Trabalhou sempre com grupos da comunidade, com temas relacionados a problemáticas ambientais ou de valorização patrimonial. Segue o lema “com a comunidade, para a comunidade, na busca pelo sentimento de pertença coletiva dos cidadãos com a sua cidade através das artes”.
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