Em entrevista ao POSTAL, Ricardo Pinheiro explora a importância da improvisação não idiomática, a interligação entre a sua formação em Psicologia e o método de ensino, a sua motivação para participar na Masterclass em Tavira e como a sua prática como musicólogo enriquece a sua abordagem como músico e formador.
P – Qual é a importância de abordar a improvisação não idiomática no workshop?
R – A improvisação não é exclusiva do jazz. A improvisação é utilizada no contexto de muitos géneros musicais, pelo que é interessante que os alunos do workshop, independentemente do género musical que praticam, desenvolvam a capacidade para experimentar no seu instrumento.
P – Como a sua formação em Psicologia influencia o seu método de ensino e performance?
R – Está tudo ligado. Nós tocamos aquilo que somos. Por essa razão, toda a nossa formação e experiência acaba por se revelar no momento da criação musical. Por outro lado, o ato criativo é um ato que exige uma necessária interligação entre as nossas emoções, o racional e o físico. Por esta razão, a psicologia está presente em tudo aquilo que faço, uma vez que se revela como uma componente essencial não só do ponto de vista do lado criativo como também do ponto de vista da relação com os outros músicos e alunos.
P – Tendo uma carreira internacional tão vasta, o que atraiu o Ricardo a participar nesta Masterclass em Tavira?
R – Gosto muito de contactar com outras pessoas e com experiências diversas. É sempre enriquecedor e uma aprendizagem constante conseguirmos ligar-nos e dialogar em torno do ato criativo. Sendo assim, e por ter uma forte ligação ao Algarve desde criança, é sempre um prazer voltar a Tavira para criar momentos de partilha com músicos locais.
P – Como o seu trabalho como musicólogo enriquece a sua prática como músico e formador?
R – O estudo da música a partir de uma perspetiva mais sistematizada ajuda-me a perspetivar a música de uma forma mais analítica, não descurando os aspetos mais instintivos que são também fundamentais. Por essa razão, creio que sou melhor musicólogo por ser músico e sou melhor músico por ser musicólogo.
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