A interligação do Alqueva às barragens de Santa Clara e de Odelouca “é essencial” para o futuro do Sudoeste Alentejano e do Algarve, defenderam esta terça-feira os presidentes das câmaras de Odemira e de Aljezur.
“Sem dúvida que [a interligação Alqueva-Santa Clara-Odelouca] é essencial para o futuro deste território”, disse à agência Lusa Hélder Guerreiro, presidente da Câmara de Odemira, distrito de Beja, no final do encontro “Água ao Serviço do Futuro”.
À margem da iniciativa, realizada numa unidade hoteleira junto à Barragem de Santa Clara, o autarca realçou que “o nível de afluências”, naquela albufeira ou noutras pequenas barragens do Algarve, “é absolutamente insuficiente para as necessidades de consumo” da população, do turismo, da agricultura e da indústria.
“Portanto, sentimos que era importante procurar uma fonte alternativa ou complementar de água e pensamos que uma das soluções pode ser esta interligação” com o Alqueva, disse.
No encontro desta terça-feira, 34 entidades públicas e privadas assinaram um manifesto que reclama o reforço da disponibilidade de água no Sudoeste Alentejano e no Algarve.
O documento, intitulado “Água ao Serviço do Futuro”, vai ser entregue ao Governo, no âmbito da estratégia “Água que Une”, iniciativa interministerial cuja apresentação está prevista pelo executivo para o final de 2024.
Os municípios alentejanos de Odemira e de Ourique e os algarvios de Aljezur, Lagoa, Lagos, Monchique e Vila do Bispo, no distrito de Faro, são alguns dos subscritores, tal como a Comunidade Intermunicipal do Baixo Alentejo (CIMBAL).
Outros signatários são a Lusomorango, uma organização de produtores do setor das frutas e legumes, Associação de Horticultores, Fruticultores e Floricultores dos Concelhos de Odemira e Aljezur (AHSA), Federação Nacional de Regantes, Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal e empresas agrícolas.
Também as entidades regionais de turismo do Alentejo e Ribatejo e do Algarve ou a empresa mineira Somincor, concessionária da mina de Neves-Corvo, no concelho de Castro Verde, assinam o documento.
O manifesto defende, entre outras ações, o reforço do Alqueva “como grande reservatório para a regularização hídrica do sul do país” e da Barragem de Santa Clara, no concelho de Odemira, “como ‘hub’ para a distribuição de água ao Sudoeste Alentejano e ao Barlavento Algarvio”.
É pedida, por exemplo, a interligação Alqueva-Santa Clara-Odelouca, que “já se encontra ligada por túnel ao sistema Funcho-Arade, faltando a interligação à [Barragem da] Bravura”, no Algarve.
Para o autarca de Odemira, este projeto “é essencial para o futuro deste território” e, caso não se concretize, pode conduzir a uma retração “significativa” de “toda a atividade económica” da região.
Também o presidente da Câmara de Aljezur, José Gonçalves, disse à Lusa que é “essencial” a concretização do projeto, uma vez que “é necessário trazer mais água para a região”.
“E, neste manifesto, dizemos a quem tem efetivamente a competência de decidir que queremos esta solução”, disse, acrescentando que “este é um momento em que é importante decidir e ter uma posição”.
De acordo com este autarca algarvio, “o ‘centralismo’ de Lisboa tem de perceber que quem gere a região tem opinião e quer ver concretizados estes investimentos”.
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