A pitaia, também conhecida como fruta-dragão, está a ganhar destaque no Algarve, região que oferece condições climáticas ideais para o cultivo deste fruto exótico. Originária da América Central e do México, a pitaia tem atraído a atenção de agricultores e consumidores portugueses devido às suas propriedades nutricionais e ao potencial económico que representa.
Universidade do Algarve lidera projeto inovador
O professor Amílcar Duarte, docente e investigador do Instituto Mediterrâneo para a Agricultura, Ambiente e Desenvolvimento (MED) da Universidade do Algarve, coordena desde 2022 o projeto “Fruta Dragão: validar a capacidade produtiva da pitaia vermelha”. Com o apoio do PDR 2020, este projeto visa analisar a viabilidade do cultivo da pitaia na região algarvia, contribuindo para a diversificação agrícola e o aumento do rendimento das famílias locais.
No campo experimental em Cacela Velha, concelho de Vila Real de Santo António, foram instaladas 800 plantas que já começaram a dar frutos. “O cultivo da pitaia é bastante adequado para o Algarve, tendo em conta os ciclos de seca da região”, defende Amílcar Duarte. Sendo uma cactácea, a planta apresenta baixas necessidades hídricas, adaptando-se bem aos períodos de menor disponibilidade de água.
Benefícios para a saúde impulsionam consumo
A pitaia é reconhecida pelas suas interessantes características nutricionais. Rica em fibras, vitaminas e minerais, é pobre em calorias, o que a torna uma aliada para quem procura emagrecer ou manter uma alimentação saudável. O seu sabor doce e refrescante, comparado ao da melancia, conquista cada vez mais apreciadores em Portugal.
Desafios no cultivo e adaptação local
Apesar do potencial, o cultivo da pitaia no Algarve enfrenta alguns desafios. A escassez de polinizadores naturais, como morcegos e outros insetos noturnos, pode afetar a frutificação. Além disso, temperaturas demasiado baixas em certas localidades e a intensa radiação solar em períodos específicos do ano requerem atenção por parte dos agricultores.
Para contornar estas dificuldades, o projeto da Universidade do Algarve inclui estudos sobre as diferentes variedades de pitaia, visando identificar aquelas que melhor se adaptam ao clima algarvio. Estão a ser testadas 15 variedades, tanto ao ar livre como em estufa, para determinar as técnicas de cultivo mais adequadas.
Oportunidade económica para pequenas explorações
Amílcar Duarte destaca que a pitaia é uma planta rústica, com baixos custos associados à rega e ao cultivo. “O investimento é reduzido e os frutos são valorizados no mercado, sendo pagos a preços elevados pelos consumidores”, explica o investigador. Estas características fazem da pitaia uma opção interessante para pequenas explorações agrícolas familiares, contribuindo para o aumento do rendimento e para a erradicação da pobreza nas zonas rurais.
Alinhamento com os objetivos de desenvolvimento sustentável
O cultivo da pitaia no Algarve está em sintonia com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas. A baixa necessidade de água promove a utilização eficiente deste recurso escasso, enquanto a possibilidade de gerar rendimento para famílias em áreas rurais contribui para o desenvolvimento económico local.
Perspetivas futuras
Com o sucesso dos ensaios e a crescente procura por parte dos consumidores, a expectativa é que mais agricultores algarvios apostem na cultura da pitaia. “Esperamos que o desenvolvimento do conhecimento e da tecnologia de cultivo desta planta incentive a sua produção na região”, conclui Amílcar Duarte.
A pitaia promete, assim, não só enriquecer a oferta agrícola do Algarve, mas também fortalecer a economia local e promover hábitos alimentares mais saudáveis entre a população.
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