As alterações climáticas estão a exacerbar os desafios relacionados com a escassez hídrica por todo o planeta, e a Europa e Portugal são exemplo disso. As mudanças no padrão de chuvas, aumento das temperaturas e eventos climáticos extremos estão a afetar a disponibilidade e a distribuição da água também na nossa região. Vejam-se os níveis úteis atuais das barragens que sustentam o abastecimento na região Algarve – Odelouca 17 hm3, Odeleite 15 hm3, Beliche 13 hm3. A escassez hídrica é uma ameaça que precisa ser abordada com seriedade e compromisso, por todos sem exceção. Somente através de esforços conjuntos poderemos garantir um futuro onde todos tenham acesso a água e suficiente para viver com dignidade.
Mas em tempos de seca, todos falam sobre a água. Todos são especialistas e comentadores.
A água é vida e é nossa responsabilidade preservá-la. Chegou a hora de agir, não por desespero, mas por consciência e respeito ao que nos mantém vivos
São as campanhas de sensibilização que se multiplicam ecoando por cada canto da nossa região com apelos de redução do consumo, são os municípios que implementam restrições a diferentes usos menos prioritários (…), algumas pessoas, que finalmente, ajustam os seus hábitos… Mas por que razão esperamos que a situação se agrave a um nível extremo para reconhecermos o valor deste recurso essencial? Por que não assumimos, de uma vez por todas, que a água deverá ser tratada com o mesmo valor, quer chova ou faça sol, quer estejamos em período de seca ou de abundância?
A verdade é que, para muitos, a água continua a ser um recurso invisível. Abrimos a torneira e esperamos que ela flua ininterruptamente, como se as reservas fossem infinitas. É um paradoxo desconcertante: tratamos o petróleo como “ouro negro” e a água como um direito básico e sem valor, esquecendo que ela é, na realidade, um privilégio que precisamos proteger. Este comportamento negligente, que nos leva a valorizar a água apenas em momentos críticos, revela uma mentalidade perigosa que precisa urgentemente de transformação.
Estamos, de facto, perante uma crise silenciosa. À medida que as alterações climáticas avançam, a floresta que se queima, os impactos sobre os recursos hídricos tornam-se cada vez mais evidentes e catastróficos. A desertificação avança, os rios secam, a biodiversidade diminui e a segurança alimentar é posta em risco. Estes não são cenários de ficção científica, mas a nossa realidade global. Então, por que continuamos a tratar a água como um bem inesgotável?
Faça parte da mudança, transforme pequenos hábitos em grandes atos. É importante lembrar que cada ação individual, por menor que seja, contribui para a abordagem geral e adaptação ao clima. É imperativo que cada um de nós reconheça o impacto das nossas ações individuais no consumo de água. Pequenas mudanças no nosso estilo de vida podem fazer uma grande diferença. Tomar banhos mais curtos, fechar a torneira enquanto escovamos os dentes, consertar fugas, e utilizar sistemas de captação de água da chuva são algumas das medidas simples que podemos adotar no nosso dia a dia
Ao adotar estas pequenas ações quotidianas podemos fazer uma grande diferença na preservação da água. A conscientização e a atuação responsável da população são essenciais nesse processo. Não podemos esperar soluções milagrosas ou depender exclusivamente das ações governamentais.
Ao longo dos anos, temos negligenciado a sua importância, tratando-a como um bem ilimitado e gratuito da natureza. A verdade é que a água é um recurso finito e está a tornar-se cada vez mais rara e preciosa. A adaptação às novas circunstâncias da escassez hídrica decorrentes das alterações climáticas é um desafio complexo. Não podemos permitir que a escassez hídrica comprometa a nossa qualidade de vida, a nossa segurança alimentar e o equilíbrio dos ecossistemas. É hora de agir com inteligência, responsabilidade e consciência. A água é um recurso limitado, e só teremos um futuro promissor se aprendermos a preservá-la e utilizá-la de forma sustentável.
Por tudo isto, manifesto aqui a minha indignação, não só pelo desperdício, mas pela falta de consciência generalizada. Como sociedade, não podemos continuar a tratar a água como um recurso sem fim. É urgente um apelo à mudança de mentalidades. Precisamos entender que, independentemente da situação de seca ou abundância, o valor da água deve ser inquestionável.
No entanto, também acredito na esperança. Cada vez mais, pessoas, empresas e regiões começam a perceber o impacto das suas escolhas e a tomar medidas conscientes. Acredito que é possível, sim, reverter o atual cenário, mas para isso é essencial que todos reconheçam a importância da água no seu dia a dia e se comprometam a proteger cada gota. Acredito que é possível fazer tudo isto, e viver em sintonia com a sustentabilidade.
Que este artigo sirva como um lembrete e um apelo. A água é vida e é nossa responsabilidade preservá-la. Chegou a hora de agir, não por desespero, mas por consciência e respeito ao que nos mantém vivos.
A água é um tesouro partilhado por todos. Use-a com sabedoria, respeito e gratidão.
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