Portugal pode sair beneficiado, em termos turísticos, com o conflito que opõe a Rússia à Ucrânia. Segundo os principais responsáveis pelo sector do turismo, a distância para o palco da guerra e o facto de Portugal ser o terceiro país mais seguro do mundo são fatores que transmitem confiança aos mercados emissores. Reconhecendo ser “ainda cedo” para uma avaliação final sobre os impactos da guerra, os primeiros indicadores confirmam o otimismo dos dirigentes turísticos e não colocam em causa as metas de recuperação para 2022. Após um mês de conflito entre a Ucrânia e a Rússia, e apesar de nos primeiras dias se ter registado uma retração da procura, com um abrandamento nas reservas e no número de voos, “todos os indicadores atuais, baseados em reuniões com companhias aéreas e operadores turísticos, apontam para valores muito próximos de 2019, o melhor ano de sempre para o turismo nacional”, garante Pedro Siza Vieira, ministro de Estado, da Economia e da Transição Digital. “As reservas que temos de voos para abril estão 500% acima do que tivemos no ano passado”, reforça Luís Araújo, presidente do Turismo de Portugal, destacando ainda que, “a nível de capacidade aérea, estamos entre os 80% e os 90% do que tivemos em 2019 e todas as semanas temos informações de companhias que estão a reforçar as operações e que estão a olhar para outras opções de ligações para Portugal”.
Um dos casos é a easyJet, que na última semana anunciou a criação de quatro novas rotas para Portugal. São estes dados que levaram o ministro Siza Vieira a afirmar, durante a apresentação da quarta edição do Prémio Nacional de Turismo (PNT), que “a guerra na Ucrânia valoriza o destino Portugal”: os “turistas internacionais estão à procura de destinos seguros, onde tenham a certeza de que as suas férias não serão perturbadas por qualquer interferência externa”. António Trindade, presidente do grupo hoteleiro PortoBay, reforça esta ideia, relembrando a circunstância de o “leste da bacia do Mediterrâneo estar a sofrer com falta de turistas, com destaque para países como a Croácia, a Bulgária, a Roménia e até a Turquia, existindo, por isso, uma derivação para procurar o oeste, onde nos encontramos”. O empresário, recentemente distinguido com o Prémio Carreira do guia “Boa Cama Boa Mesa”, apresenta números para esta movimentação turística: “Em março, nos nossos seis hotéis na Madeira a taxa de ocupação tem rondado os 90%.” Já João Fernandes, presidente do Turismo do Algarve, assinalou serem “muito animadoras” as reservas já feitas para este ano. Disse ainda estarem planeadas novas rotas e novos serviços para o verão e que os números da taxa de ocupação média, por quarto, em fevereiro, rondou os 40,2%. Em 2019 era, no mesmo mês, de 43,3%. “Posso dizer que 88% das ligações a mercados emissores estão asseguradas já para este verão. Dos 23 países para os quais tínhamos ligações, só não vamos ter para a Hungria e, infelizmente, para a Ucrânia. Até tínhamos uma operação bem interessante, mas, devido à realidade que todos conhecemos, não é expectável”, explicou o responsável pelo turismo algarvio.
CONFIANÇA DO CONSUMIDOR
Para 2022 ser um ano perfeito é necessário, afirmou Luís Araújo, restabelecer “a confiança do consumidor, porque quando falamos de uma guerra na Europa é difícil explicar que estamos numa ponta e que o conflito é na outra”. Mesmo equacionando “o aumento dos custos com os materiais, a inflação e a perda de poder de compra em mercados importantes como a Alemanha ou o Reino Unido, a confiança das companhias aéreas e dos operadores em Portugal promete um ano excecional”. Também Luís Pedro Martins, presidente da Região de Turismo do Porto e Norte, salientou que a “localização geográfica privilegiada de Portugal, aliada à marca de segurança, serão atrativos suficientes para mercados de proximidade, bem como os de longa distância, como o Brasil ou os Estados Unidos”. Mas para que tal aconteça, refere Luís Araújo, “é preciso começar a reconhecer os certificados de vacinação e de recuperação do cliente americano e canadiano, uma vez que Itália, Espanha e França já o fazem”.
PREPARADOS PARA A RETOMA
“A imagem de Portugal está muito forte”, assumiu o presidente do Turismo de Portugal, que sustenta o otimismo com a forte mudança do sector realizada nos últimos dois anos. E prova disso é o número de participantes no PNT, que ultrapassou as 400 candidaturas. Já na quarta edição, o PNT — cujo lançamento da versão 2022 aconteceu esta semana — tem como objetivo motivar os agentes económicos, bem como a divulgação dos melhores projetos e experiências em áreas como o turismo sustentável, inovador e inclusivo. Apesar de todo este otimismo, Luís Araújo reconhece existirem questões “preocupantes”, como a falta de mão de obra, que só se resolve “trazendo pessoas de fora, pelo menos no imediato”. E nesse campo assume ter boas notícias, uma vez que o “acordo com a CPLP para simplificar vistos para trabalhadores e o acordo entre Portugal e a Índia vão colmatar algumas faltas”. Obviamente, espera que “os refugiados que chegam da Ucrânia vão também ser mão de obra para o sector”.
Tudo o que tem de saber sobre o PNT
O QUE É
O Prémio Nacional de Turismo (PNT) destaca os melhores e dá visibilidade a projetos com valor no sector do turismo em Portugal. A iniciativa do Expresso e do BPI conta com o alto patrocínio do Ministério da Economia e da Transição Digital, o apoio institucional do Turismo de Portugal, IP e com o apoio técnico da Deloitte
CATEGORIAS
Turismo Autêntico Projetos que apresentam oferta abrangente e equilibrada do ponto de vista territorial, bem como da utilização de recursos locais
Turismo Gastronómico Projetos que se destaquem por oferta gastronómica diferenciada e autêntica, alicerçada na valorização e promoção da gastronomia regional e nacional
Turismo Inclusivo Projetos que promovam um reforço da relação com o consumidor, através da comunicação ou de iniciativas que visem a sua inclusão e fidelização
Turismo Inovador Projetos que apresentem uma oferta inovadora e a utilização de ferramentas e meios digitais para a comunicação, distribuição e análise do desempenho
Turismo Sustentável Projetos que se distingam pela sustentabilidade ambiental, económica e responsabilidade social subjacentes à estratégia de médio/longo prazo
DATAS MAIS IMPORTANTES
Candidaturas – 1 abril a 31 maio
Avaliação – 1 junho a 31 setembro
Reunião de comités e júri – outubro
Entrega de prémios – dezembro
CANDIDATURASabout:blank
Para se habilitar a vencer o PNT apresente a sua candidatura entre 1 de abril e 31 de maio de 2022. Acompanhe tudo AQUI
- Texto: Expresso, jornal parceiro do POSTAL