A adulteração de quilómetros é uma prática antiga, mas que, infelizmente, continua a ser recorrente, não apenas em Portugal, mas também em toda a Europa. De acordo com um estudo da CarVertical, marcas de automóveis alemãs têm sido particularmente afetadas nos últimos anos. Contudo, esta fraude de quilómetros adulterados pode ocorrer em veículos de qualquer marca, prejudicando os compradores que pensam estar a adquirir um carro com menos uso do que aquele que realmente teve. Para minimizar as hipóteses de ser enganado, existem várias medidas que pode adotar antes de comprar um carro usado.
1. Verifique os Registos no IMT
Uma das formas mais eficazes de verificar a quilometragem de um veículo é através do Instituto da Mobilidade e dos Transportes (IMT). Qualquer pessoa pode solicitar uma certidão dos quilómetros registados de um automóvel, bastando apenas ter a matrícula. O pedido pode ser feito de forma presencial ou online, sendo que, neste último caso, tem um custo de 27 euros. Este documento apresenta as quilometragens anotadas em cada uma das inspeções periódicas obrigatórias do carro, permitindo-lhe ter uma ideia do historial do veículo sem que o proprietário tenha conhecimento de que foi feita a consulta.
2. Utilize Websites Especializados para Veículos Importados
Se estiver a considerar a compra de um carro importado, é fundamental obter o seu histórico detalhado, e existem várias plataformas que o podem ajudar nisso. Dois dos sites mais conhecidos para este efeito são o AutoDNA e o VIN-Info. Através do número de identificação do veículo (VIN), que se encontra no Documento Único Automóvel, pode aceder a informações sobre a quilometragem real, o número de proprietários anteriores, e até saber se o carro já esteve envolvido em acidentes. Este serviço custa cerca de 10 euros, um valor relativamente baixo quando comparado com os riscos de adquirir um carro adulterado.
3. Contacte a Marca do Automóvel
Outro método para confirmar a veracidade da quilometragem é contactar diretamente a marca do veículo. Se o carro tiver sido regularmente assistido em oficinas oficiais, a marca terá um registo detalhado das revisões e da quilometragem em cada uma dessas intervenções. Estes registos podem dar-lhe uma noção mais clara sobre o uso real do automóvel e alertá-lo para eventuais discrepâncias.
4. Esteja Atento a Sinais de Adulteração
Apesar de todos os mecanismos de verificação disponíveis, é importante ter em conta que nenhum deles é infalível. Existem várias maneiras de alterar os quilómetros de um automóvel, sendo cada vez mais difícil detetar estas fraudes. Um exemplo é a adulteração da quilometragem antes da inspeção periódica obrigatória, que só ocorre ao fim de quatro anos, o que dá margem para o proprietário manipular os dados sem que isso seja detetado facilmente.
Desta forma, para além dos métodos de verificação eletrónica e documental, é importante que, ao analisar o carro, preste atenção a sinais de desgaste que possam não ser compatíveis com a quilometragem apresentada. Um interior muito desgastado, volante ou pedais com sinais de uso intenso ou até um motor que não parece estar em bom estado de conservação, podem ser indícios de que o carro já percorreu mais quilómetros do que o indicado, estando adulterados.
Embora um carro com quilómetros adulterados seja uma prática difícil de detetar em certos casos, há várias formas de minimizar o risco de ser enganado. Utilizar os serviços disponíveis no IMT, recorrer a plataformas especializadas para verificar veículos importados e contactar diretamente a marca são passos que devem ser seguidos. Por fim, mantenha sempre um olhar atento aos sinais físicos de desgaste, pois, como lembra o estudo da CarVertical, “há inúmeras maneiras de adulterar quilómetros”, e a cautela é sempre a sua melhor aliada.
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