A União Europeia está a intensificar a pressão sobre os Estados-membros para melhorar a eficiência energética do parque habitacional, estabelecendo metas ambiciosas. Até 2030, o objetivo é reduzir em 16% o consumo energético e alcançar uma redução de até 22% até 2035. Estas metas incluem a renovação de 43% dos edifícios menos eficientes, que atualmente representam uma fatia significativa do consumo energético na Europa.
No entanto, para os proprietários, cumprir estas exigências pode acarretar um investimento considerável. De acordo com um estudo do Observatório de Aluguer da Fundação Seguro Rental e da Universidade Rey Juan Carlos, adaptar imóveis às normas energéticas europeias pode custar entre 10 mil e 20 mil euros por habitação.
As medidas incluem melhorias como isolamento térmico, instalação de janelas eficientes e a adoção de sistemas de climatização mais sustentáveis, como aerotermia. O objetivo é elevar as classificações energéticas para níveis considerados eficientes (A, B, C ou D), alinhando os imóveis com os critérios europeus.
Investimento inicial, poupanças futuras
Embora os custos de renovação possam parecer elevados, o estudo destaca que há benefícios financeiros a médio e longo prazo. Uma habitação com classificação energética E, por exemplo, pode reduzir em até 35% os custos de energia investindo cerca de 9.900 euros. Para poupanças superiores a 60%, o custo estimado sobe para os 22.000 euros, mas os ganhos na redução do consumo energético primário tornam o investimento atrativo.
Casas com melhores classificações energéticas também oferecem uma poupança anual significativa nas faturas de energia. Enquanto uma habitação com etiqueta G pode ter gastos anuais de cerca de 1.658 euros, uma com etiqueta A apresenta custos médios de apenas 661 euros.
“Estes cenários não só aumentariam a sustentabilidade das habitações, como também as alinhariam com os requisitos da União Europeia”, sublinha o relatório.
Renovar para cumprir, mas com apoios
Para muitos proprietários, o desafio está em financiar as obras necessárias. Alguns Estados-membros já começaram a implementar subsídios e linhas de crédito com condições vantajosas para incentivar a renovação energética. Em Portugal, iniciativas como o Programa de Apoio a Edifícios Mais Sustentáveis, financiado pelo Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), oferecem incentivos para obras de eficiência energética, embora nem sempre cubram a totalidade do investimento.
Cumprir as metas da União Europeia não é apenas uma questão de sustentabilidade ambiental, mas também uma oportunidade de valorizar os imóveis, reduzir custos futuros e contribuir para a descarbonização. Contudo, para que o impacto não recaia exclusivamente sobre os proprietários, será essencial que governos e instituições financeiras disponibilizem mais apoios.
Com 2030 a aproximar-se, o desafio de transformar o parque habitacional europeu será tão técnico quanto político, exigindo um equilíbrio entre as exigências ambientais e a capacidade financeira das famílias. A corrida para um futuro mais sustentável está em marcha, mas o sucesso dependerá do compromisso conjunto de proprietários, governos e entidades europeias.
Leia também: Este icónico hotel no Algarve está fechado e não é por falência