A marchadora Ana Cabecinha partiu esta sexta-feira de Faro para a capital francesa com a sensação de estar com o ‘bichinho’ de competição, horas antes de ser porta-estandarte da Missão portuguesa na cerimónia de abertura dos Jogos Olímpicos Paris2024.
“Hoje é o grande dia, hoje vamos ter a abertura dos Jogos Olímpicos. Estou com um ‘bichinho’, parece que vou competir hoje, porque é uma adrenalina, uma emoção imensa e um orgulho”, disse aos jornalistas, no Aeroporto de Faro.
Ana Cabecinha, que contabilizará a sua quinta presença olímpica, lembrou que nunca esteve numa cerimónia de abertura e a sua estreia será a fazer dupla com o canoísta Fernando Pimenta como porta-estandartes portugueses no evento que vai ter como palco o rio Sena.
“Estou desejando que chegue o momento para experienciar, porque nunca estive numa cerimónia de abertura. E a minha primeira cerimónia de abertura vai ser como porta-estandarte com o Fernando Pimenta. Vai ser maravilhoso, acredito que sim”, frisou.
Ana Cabecinha, de 40 anos, sustentou que “o simples facto de estar presente nos Jogos Olímpicos de Paris, de competir, de estar na linha de partida e esperar estar na linha de chegada”, já será uma vitória, tendo em conta que foi mãe no início de maio, com um parto de cesariana, que atrasou a preparação.
“Foi por isso que nós treinámos nestes últimos três meses depois de ter sido mãe. Claro que foi uma luta diária, com um recém-nascido, e por ter um curto espaço de tempo para me preparar, mas tem sido gratificante e motivador. Vou muito feliz para este Jogos, são uns Jogos completamente diferentes para mim e estou felicíssima”, declarou.
Na prova feminina dos 20 quilómetros marcha, prevista para 01 de agosto, o resultado é o que menos contará, garante a atleta, que viajou com o treinador, o marido e o pequeno Lourenço.
“[O objetivo] É só mesmo concluir, é acabar, ter a minha experiência dos meus quintos Jogos Olímpicos. Não tenho expectativas nenhumas de resultado, porque foi muito pouco tempo o que consegui treinar”, afirmou, reforçando que será “inédito” uma atleta competir num espaço de tempo tão aproximado do parto.
Para a marchadora do Clube Oriental de Pechão, Paris2024 representará o final da sua carreira profissional, que nos Jogos Olímpicos teve como pontos altos o sexto lugar no Rio2016 e o oitavo posto em Londres2012 e Pequim2008.
“É um ponto final. Como atleta profissional, é um ponto final. Por isso, também fiz mais gosto e tentei mesmo estar em Paris, porque queria acabar num grande palco. Claro que queria acabar com um grande resultado, não é de todo o que vai acontecer, mas acabar a carreira nos Jogos Olímpicos, qual é o atleta que não espera ter esse sonho realizado? E eu vou tê-lo: acabar a carreira, cinco Jogos Olímpicos, porta-estandarte, o meu filho à minha espera no final. Eu só posso estar felicíssima por estes Jogos Olímpicos”, concluiu Ana Cabecinha.
O rio Sena e os monumentos emblemáticos de Paris serão hoje palco da cerimónia de abertura dos Jogos Olímpicos, a primeira realizada fora de um estádio e ao pôr-do-sol, que permanece ainda envolta em mistério.
Apenas uma dezena de pessoas, entre as quais a romancista Leïla Slimani, o historiador Patrick Boucheron ou a argumentista Fanny Herrero, conhecem o roteiro do espetáculo de quase quatro horas, que terá início às 19:30 locais (18:30 em Lisboa) e que procurará quebrar convenções ao desenrolar-se pela primeira vez ‘fora de portas’.
Entre 6.000 a 7.000 atletas, dos 10.500 que participarão em Paris2024, vão desfilar em 85 barcos no rio Sena, decorados com as cores das suas delegações, desde a ponte de Austerlitz até à Torre Eiffel e ao Trocadéro, ponto final do espetáculo.
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