Com várias zonas do país a registarem cortes de luz programados para trabalhos de manutenção da rede elétrica, anunciados pela E-REDES, as interrupções de energia voltam a fazer parte da rotina de muitos portugueses. Os avisos, divulgados pela empresa em diferentes concelhos, incluem suspensões temporárias do fornecimento para assegurar a segurança das operações e a fiabilidade do sistema.
Estes episódios, embora controlados, lembram como a falta de eletricidade pode afetar tarefas básicas, como estudar ou trabalhar ao fim do dia. E é precisamente num cenário semelhante, mas noutro continente, que uma história inesperada está a ganhar destaque.
Cortes de luz em Moçambique
Um estudante do norte de Moçambique, impedido de estudar à noite devido a cortes de luz frequentes, decidiu recorrer ao que aprende na escola para criar a sua própria fonte de eletricidade. De acordo com a Lusa, o jovem utilizou limões, cebolas e alguns fios para gerar luz suficiente para continuar a estudar quando a casa ficava às escuras.
A ideia nasceu de uma necessidade diária. Faife, aluno do 11.º ano na Escola Secundária de Ribáué, mais de 140 quilómetros de Nampula, contou que a revisão do material de estudo se tornava impossível “quase todas as noites” devido às falhas no fornecimento elétrico.
Segundo a mesma fonte, a frustração acumulada transformou-se numa pergunta simples, mas decisiva: porque não aplicar diretamente o que estava a aprender nas aulas?
Um circuito improvisado, mas funcional
Com apenas fios de cobre e alumínio, o estudante montou um circuito básico, capaz de gerar eletricidade através da reação química entre o ácido cítrico do limão e compostos presentes na cebola. A experiência, conhecida no meio académico como bateria eletroquímica caseira, é usada habitualmente em aulas de ciências para demonstrar princípios básicos de eletricidade. No caso de Faife, tornou-se uma solução prática para iluminar o quarto durante os períodos de apagão.
Segundo a publicação, o engenho produz energia suficiente para alimentar uma pequena lâmpada LED, garantindo luz mínima para leitura. Embora longe de substituir uma instalação elétrica formal, o estudante descreveu o projeto como “um primeiro passo”, com potencial para evoluir.
Um sonho que vai além da luz do próprio quarto
A Lusa revela que o jovem quer agora melhorar o sistema. A ambição é conseguir alimentar pequenos aparelhos, como rádios ou carregadores de telemóvel. A longo prazo, gostaria de levar esta ideia a comunidades que continuam sem eletricidade, sobretudo em zonas rurais onde a rede pública não chega ou é instável.
Faife acredita que, com mais apoio, poderia testar outros materiais, aumentar a durabilidade do sistema e até conceber um protótipo mais robusto. Para o estudante, a mensagem é simples: mudanças concretas podem nascer de recursos mínimos. É preciso criatividade, mas também persistência.
Um exemplo para quem enfrenta falhas de energia
Embora a solução não substitua os métodos tradicionais de fornecimento elétrico, este caso demonstra que pequenas experiências científicas podem ter um impacto real quando aplicadas ao quotidiano. De acordo com a publicação, a história de Faife ganhou destaque exatamente por representar uma resposta prática a um problema comum em várias regiões.
Perante interrupções de energia, planeadas ou não, o jovem mostra que compreender princípios básicos pode oferecer alternativas inesperadas. E, ainda que estas soluções não sejam permanentes, servem como lembrete de que o conhecimento pode literalmente fazer luz quando ela falha.
















