É a única piloto algarvia a participar na competição de alta velocidade de motociclismo Oliveira Cup, que conta com a terceira edição. Mais conhecida como ”CSC#28”, Carlota Carochinho tem apenas oito anos e é farense. E foi entre fotografias e perguntas dos demais admiradores e curiosos, que se encontravam no Moto Clube de Faro, que o POSTAL a conheceu.
A participação da farense na competição começou quando a família se deslocou ao Kartódromo Internacional do Algarve, em Portimão, dia 17 de fevereiro, para ir ver os pré-treinos de arranque da temporada. Segundo a mãe, “era relativamente fácil irmos a Portimão, sendo nós de Faro. Sabíamos que eles permitiam que jovens, futuros pilotos, pudessem mostrar aquilo que valiam e foi um desafio chegarmos lá e mostrarmos a Carlota”.
Inesperada e rapidamente, a menina foi convidada para fazer parte do painel de pilotos da competição de alta velocidade. Quando se deparou com os valores monetários do arranque de época, Diana Sério retirou a hipótese da participação da filha. “O motociclismo é um desporto muito caro. Pensei que fosse uma coisa muito mais económica. Aí tive de agradecer ao Paulo Oliveira, pai de Miguel Oliveira, pois foi uma grande ajuda para o arranque. A Carlota preparou-se em duas semanas, treinando quatro vezes”, explicou Diana Sério.
Nesse espaço de tempo, os pais da menina criaram um projeto desportivo e apresentaram-na ao maior número de entidades algarvias que conheciam, ganhando, desta forma, o seu maior parceiro, a empresa nacional de clínicas dentárias Smile Up. “Temos tido um bom feedback das entidades contactadas, moto clubes e amigos, em que cada um contribui com o que pode, mas para nós toda a ajuda é bem-vinda”, sublinha.
Acerca da sua primeira prova, Carlota contou ao POSTAL que “nunca tinha estado numa grelha de partida. Fiquei um pouco nervosa, especialmente quando alguém me passou à frente…Quando começam as provas fico feliz, nervosa e ansiosa. Sinto tudo ao mesmo tempo”. A próxima prova da piloto algarvia é no próximo dia 28 de abril em Portimão.
Competição conta apenas com três elementos femininos
Na competição, apenas fazem parte três elementos do sexo feminino. Quando questionada sobre a realidade feminina no mundo do motociclismo, Diana Sério responde que “no mundo das motas tem vindo a crescer a presença feminina. Hoje em dia, já se começa a ver nas concentrações mulheres com mota. Em pista, realmente, são pouquíssimas. Continua-se a achar que é um desporto muito masculino”. Fez ainda questão de salientar que “se tiverem meninas que gostem de motas, deixem-nas experimentar, porque é um desporto como outro qualquer. As pessoas associam muito o motociclismo ao risco. Se calhar vão-se magoar, mas se olharmos para os outros desportos também se podem magoar tanto como no motociclismo”.
O gosto que nutre pelas duas rodas há muito que lhe percorre a alma. Aos dois meses de idade, Carlota teve o seu primeiro contacto com as motas. “O pai [Nuno Carochinho] resolveu pô-la em cima do depósito e acelerou. Ela ficou muito séria, não chorou e aquilo deve ter-lhe sido incutido nas veias”, disse Diana Sério, mãe de Carlota, entre risos.
Com três anos fez a sua primeira concentração e foi aos sete que participou no desfile da concentração de Faro a conduzir a sua própria mota, fazendo parte da emblemática e conhecida família “Os Monstrinhos” – reconhecidos por usarem capacetes com cara de monstro nas concentrações.
Carlota Carochinho é uma amante do desporto e o motociclismo é apenas uma de muitas atividades que pratica. A aspirante a piloto explicou ao POSTAL que faz Aikido, natação, motociclismo e anda nos escoteiros. “Às segundas e quintas vou ao Aikido; às terças, às vezes, vou treinar de mota; às quartas vou fazer natação e aos sábados vou aos escoteiros”, explicou.
No que toca ao futuro, ambições não faltam à CSC#28, que diz ter o olhar no pódio e no primeiro lugar: “Quero ser como o Miguel Oliveira, porque quero chegar ao moto GP”.
(Eunice Silva / Henrique Dias Freire)