Uma oliveira, mais antiga do que Cristo, que de perímetro, à altura do peito, mede cerca de 7,80 metros e de altura não menos do que nove, é a terceira mais antiga do país e está plantada no Aldeamento Pedras d’El Rey, em Tavira, há 2.210 anos, segundo a lista de Arvoredo de Interesse Público do Instituto de Conservação da Natureza e Florestas (ICNF).
Testemunhou a expulsão dos mouros do Algarve e ao longo do tempo o seu tronco cresceu tanto que se tornou oco, com uma fenda entre duas pernadas que convida a admirar a árvore por dentro.
Ao seu lado tem direito a duas folhas de papel, como os monumentos, a identificá-la como árvore de interesse público e ainda a afirmação de que são precisos cinco homens para a abraçar. Serão mesmo?
Já vivenciou mais história do que a própria história consegue contar e é um motivo de visita para muitos dos que se deslocam até ao Aldeamento Pedras d’El Rey, afirmou ao POSTAL António Almeida Pires, director-geral do empreendimento turístico.
A oliveira ainda produz e “está bem de saúde”, garante o responsável. “Esta árvore faz parte da nossa identidade e isso comprova-se pelo facto de termos tido o cuidado de preservar o mais possível, não só essa oliveira, mas todas as espécies autoctones e emblemáticas do local”, acrescenta.
No Algarve destacam-se ainda outras árvores de interesse público como as oliveiras de Bemparece, em Lagoa, com mil anos, e uma outra situada na Escola E.B. 2,3 de Algoz, em Silves, com 1.500 anos.
“Há ainda exemplares contemporâneos de tempos áureos da nossa História como os descobrimentos marítimos e as conquistas de Portugal no mundo”, exemplifica o ICNF. Neste caso, uma alfarrobeira com 600 anos que se encontra na Quinta da Parra, no concelho de Olhão.
A árvore mais antiga do país soma 3.350 anos de existência
“Os critérios necessários à classificação de interesse público aludem, de forma genérica, ao porte, ao desenho, à idade; à raridade, ao relevante interesse público da classificação, à necessidade de cuidadosa conservação de exemplares ou conjuntos de exemplares arbóreos ou vegetais de particular importância ou significado natural, histórico, cultural ou paisagístico”, explica o ICNF.
Em resumo, são árvores que constituem um património de elevado valor ecológico, paisagístico, histórico e religioso de Portugal.
No país, a árvore mais antiga é, também, uma oliveira, situada em Cascalhos, freguesia de Mouriscas e concelho de Abrantes. Tem 3.350 anos.
A segunda a ocupar o ‘top 3’; de antiguidade situa-se em Santa Iria da Azóia, Loures, e tem 2.850 anos.
(Com Henrique Dias Freire)