Resultados, ainda parciais, das eleições legislativas italianas dão a vitória à coligação de direita e extrema-direita – liderada pelo Irmãos de Itália e que reúne ainda a Liga, de Matteo Salvini, e o partido conservador Força Itália, de Silvio Berlusconi -, com cerca de 43% dos votos contra os 26% do bloco de centro-esquerda, liderado pelo Partido Democrático, de Enrico Letta.
A confirmarem-se estes dados, Itália terá pela primeira vez na história uma mulher aos comandos do governo, mas também terá pela primeira vez desde a II Guerra Mundial um chefe de governo com origens na extrema-direita.
Fundado em 2012, o partido Irmãos de Itália, liderado por Meloni, tem raízes no Movimento Social Italiano (MSI), fundado pelos seguidores do ditador fascista Benito Mussolini.
Mas a entrada de Giorgia Meloni na política é anterior. Ainda na adolescência juntou-se a um partido com origem no movimento neo-fascista.
A fazer história na extrema-direita desde 1977
Nascida em janeiro de 1977 em Roma, onde foi também criada, mais concretamente no bairro Garbatella, Giorgia tem atualmente 45 anos. Os primeiros passos na política foram dados em associações de estudantes de extrema-direita.
Foi babysitter, empregada de café e bartender numa discoteca. Quando tinha 12 anos, o pai abandonou a família. E foi precisamente na noite que conheceu pessoas influentes que a recomendaram a Silvio Berlusconi.
Em 1996 tornou-se líder do sindicato Azione Studentesca, cujo emblema era a Cruz Celta, e dez anos depois, obteve a licença de jornalista. No mesmo ano, foi eleita deputada e vice-presidente da Câmara de Representantes e, em 2008, foi nomeada ministra da Juventude no governo de Silvio Berlusconi, tornando-se na ministra mais jovem de sempre no país.
Em 2012, lança a cartada da sua carreira ao ajudar a fundar o partido nacionalista e conservador Fratelli d’Italia (Irmãos de Itália), que tem como lema “Deus, Pátria e Família”.
A própria bandeira do partido tem um nó verde, vermelho e branco, símbolo criado em 1946 pelo grupo de veteranos fascistas que fundaram o MSI (Movimento Cinco Estrelas).
Num discurso em 2019, que se tornou famoso, apresentou-se desta forma: “Sou Giorgia. Sou mulher, sou mãe, sou italiana, sou cristã. Não me vão tirar isso”.
Discreta no que toca à sua vida privada, é mãe desde 2016 de Ginevra, fruto da relação com o jornalista Andrea Giambruno. A menina é o “ponto fraco” de Meloni, que lamenta não ser tão presente como gostaria.
Na recente campanha para as legislativas vários meios voltaram a transmitir um vídeo no qual a política, com 19 anos, declara a sua admiração por Mussolini: “Para mim foi um bom político. Tudo o que fez, fez pela Itália”.
Fez campanha pela descida de impostos e manifestou-se contra a imigração ilegal e os direitos LGBTQIA+.
- VÍDEO: SIC Notícias, televisão parceira do POSTAL