O autarca de Monchique Rui André considera que se deveria discutir a questão da alteração do nome das termas do concelho de Monchique, as únicas do Sul do país, de Termas de Monchique para Termas do Algarve.
“Sei que à primeira vista é uma ideia que pode ser polémica, mas penso que a análise desta questão nas suas mais variadas vertentes é uma reflexão que importa fazer de forma séria e desassombrada”, disse o presidente da Câmara monchiquense em declarações exclusivas ao POSTAL esta semana.
“As termas devem antes de mais ser entendidas pelos algarvios todos como sendo um património regional, dado que são as únicas da região e mesmo do sul do país. Trata-se de um património natural que deve ser sentido como seu por todos os algarvios sem excepção, incluídos, claro está, os monchiquenses”, refere.
Por outro lado, o responsável local defende que o turismo regional que é cada vez mais um turismo que procura oferta diversificada e segmentada, além de complementar ao sol & mar, tem tudo a ganhar com a nova designação que associaria a vertente termal que já existe na região à marca Algarve.
“Trata-se de tornar cada vez mais indissociável da marca Algarve a ideia de que este é também um destino termal, complementando assim os produtos principais do destino, como o golfe e mar e praias”, defende.
Termas sairiam a ganhar?
É sem dúvida uma proposta que levanta várias questões e que, mesmo sentimentalismos e sentidos de posse à parte, não é difícil de descortinar quanto aos efeitos.
A ideia parece, à primeira vista e excepção feita ao restrito nicho do mercado habitual das termas de Monchique que já conhece a marca, poder aportar valor à marca das termas, já que a marca Algarve é um produto fortíssimo e consolidado a nível internacional.
Por outro lado, a palavra Algarve passaria a ser passível de valorização junto de mercados onde a procura não está focada nos produtos consolidados regionais, tais como aqueles que buscam o turismo de saúde & bem-estar e de natureza.
Monchique quer reforçar a vertente de turismo de saúde & bem-estar
Entretanto, e no percurso escolhido de reforçar o eixo termal da oferta turística do concelho, Monchique aprovou em Reunião de Câmara, a proposta de se candidatar à adesão à Associação das Cidades e Vilas Históricas Termais da Europa, após convite do presidente da instituição internacional.
Patrocinada pelo Conselho da Europa, e já com presença em 11 países, integram em Portugal esta associação os municípios de Caldas da Rainha e de São Pedro do Sul. A organização gere a Rota das Vilas e Cidades Termais da Europa e tem por objectivo a preservação e promoção do património histórico, patrimonial e cultural associados ao legado termal de que Monchique e as suas termas são possuidoras.
Esta candidatura reveste-se de especial importância para Monchique porque, uma vez aceite, colocará Monchique, as suas termas e o Algarve no centro de discussão e promoção do Turismo Termal Europeu, decisão que se espera favorável e a ocorrer já no próximo mês de Maio, no congresso desta associação que se realiza em Portugal.
Este projecto de candidatura começou a ser preparado após a participação de Monchique, na Feira “Termatália” em Ourense, que foi decisiva para diversos encontros e estratégias comuns de Cidades e Vilas com Termas na Europa e para o desenvolvimento de projectos comuns para valorizar, territorialmente, como é o caso desta Associação Europeia que tem o apoio do Conselho da Europa.
Esta será uma “alavanca” fundamental para o desenvolvimento turístico de Monchique e do Algarve, marcando, significativamente toda a estratégia turística do Topo do Algarve, marca de Monchique, na área do turismo de saúde & bem-estar.