Questão:
“Compensa comprar electrodomésticos nos outlets?”
A DECO responde…
As lojas que comercializam electrodomésticos novos com pequenos defeitos estéticos (como uma mossa, um risco ou, simplesmente, sem embalagem) ou em fim de stock — os chamados outlets — anunciam descontos irresistíveis. Mas, de acordo com um estudo que conduzimos no final de Outubro passado em seis destas lojas, abrangendo 142 produtos, os descontos prometidos, entre os 12% e os 65%, nem sempre correspondiam, na realidade, a poupanças tão generosas.
Em alguns casos, não significavam sequer que o cliente ficasse com mais alguns euros no bolso. Pelo contrário: encontrámos exemplos em que o consumidor pagava mais por um aparelho, optando por comprá-lo numa destas lojas e não num espaço comercial convencional, sem imperfeições.
Explicação: a maioria dos outlets afixava o preço de venda dos produtos e, em simultâneo, indicava o valor dos mesmos modelos sem defeito. Para calcular o desconto, o consumidor só tinha de subtrair um valor ao outro. Mas os electrodomésticos sem defeito são comercializados a um custo que pode variar substancialmente.
É o que verificamos na pesquisa de preços que fazemos para os nossos tradicionais testes comparativos. Por exemplo, o frigorífico combinado que recebeu os títulos Melhor do Teste e Escolha Acertada tanto pode custar € 629 como € 900 nas lojas normais, dependendo do local onde for comprado.
Olhando aos preços de referência dos aparelhos sem defeito afixados em cinco outlets do nosso estudo (uma das lojas não o fazia), a poupança média global anunciada era de 32 por cento. Mas, se compararmos os valores praticados por todos os outlets com os preços mínimos a que encontrámos os mesmos produtos sem problemas nas lojas comuns, esse valor desce para uns bem menos atraentes cinco por cento.
Consumidores iludidos? Não necessariamente. Tudo depende do valor de referência considerado para calcular o desconto. Dos 142 produtos que analisámos, 87 (61%) estavam, de facto, a ser vendidos nos outlets a um preço inferior ao valor mínimo a que era possível adquiri-los, sem imperfeições, no mercado. A questão é o grau de “bom negócio” que estas compras podem significar. A poupança média determinada com base nos preços afixados para estes 87 aparelhos era de 34 por cento. Mas, elegendo o preço mínimo de mercado como critério principal para aferir quanto era possível economizar, esse aforro caía para 13 por cento.