Skip to content
Postal do Algarve

#liberdadeparainformar
Site provisório

Postal do Algarve

Diariamente, siga as notícias do Algarve e as mais relevantes de Portugal e do Mundo

Menu
  • Sociedade
    • Ciência
  • Economia
    • Patrocinado
  • Saúde
  • Política
    • Legislativas 2022
  • Cultura
    • Ensino
    • Lazer
  • Desporto
  • Opinião
  • Europe Direct Algarve
  • Edição Papel
    • Caderno Alcoutim
  • Contactos
Menu
Sociedade

O que dizem os dados sobre a origem dos soldados russos mortos na Ucrânia

São oriundos de pequenas cidades e aldeias, onde o nível de vida é baixo. A carreira militar é a única opção para muitos jovens das regiões mais pobres da Rússia.

22:26 18 Abril, 2022 22:26 18 Abril, 2022 | Expresso

Desde o início da invasão da Ucrânia, a 24 de fevereiro, que a Rússia revela poucas informações sobre as suas perdas no país. De acordo com o mais recente balanço do Ministério da Defesa russo, a 25 de março, morreram 1351 militares, um número muito inferior àquele que é indicado pela Ucrânia – mais de 20 mil.

O serviço russo da BBC analisou os dados de fontes oficiais russas, como responsáveis locais e meios de comunicação, que contabilizavam 1083 militares mortos a 5 de abril. A análise baseou-se apenas em relatórios com informações específicas sobre o falecido, incluindo o nome completo e a patente e, sempre que possível, o local do enterro. Das 85 regiões russas, 80 registaram baixas. Concluiu-se que das perdas oficialmente confirmadas, cerca de 80% são das regiões mais desfavorecidas do país.

Apesar de os soldados russos serem provenientes de diferentes regiões, o especialista em assuntos de defesa e forças armadas russas Pavel Luzin explica ao Expresso que “a principal diferença é socioeconómica: a maioria são de pequenas cidades e aldeias, de regiões e/ou distritos pobres e com baixos níveis de educação”. O exército russo tem conscrição duas vezes por ano (na primavera e no outono), ou seja, os jovens entre os 18 e os 27 anos prestam serviço militar obrigatório. Luzin indica que “os soldados voluntários ou contratados – aqueles que assinaram contratos de serviço militar – são antigos soldados conscritos”.

“A principal motivação deles é a de tentar obter um salário mais elevado do que nas suas cidades e aldeias e não voltar para trás. No entanto, a maioria serve apenas durante um contrato de dois anos porque, quando se tornam um pouco mais velhos e mais autoconfiantes, saem das forças armadas e tentam encontrar um emprego nas grandes cidades”, justifica Luzin, doutorado em relações internacionais. Ainda assim, para o especialista, este “elevador social” não deve ser “sobrestimado”, uma vez que os jovens fazem esta escolha apenas “para tentar atingir algo, porque não sabem o que fazer depois da conscrição” e “é por isso que assinam contratos”.

REGIÕES COM MAIS PERDAS TÊM MAIOR DESEMPREGO E BAIXOS SALÁRIOS

De acordo com a análise da BBC, não há registo de baixas provenientes da capital, Moscovo, o que poderá justificar-se com as poucas unidades militares na zona e com os poucos residentes que se alistam no exército. Além disso, em relação ao serviço militar obrigatório, muitos jovens de classes mais altas conseguem evitá-lo, por exemplo, através da inscrição na universidade, com autorizações médicas ou mesmo pagando subornos.

Já a região do Daguestão regista o maior número de mortes: 93 militares foram lá enterrados. Seguem-se a Buriácia (52), a região de Volgogrado (48), a região de Oremburgo (41) e a Ossétia do Norte (39). No entanto, os números variam e poderão ser muito superiores. No caso do Daguestão, por exemplo, uma rádio local noticiou que pelo menos 130 soldados da região morreram. “É muito difícil encontrar todos os nomes reais, as autoridades não gostam de os publicar e os jornalistas optam por não escrever sobre o assunto, temendo consequências”, disse ao “The Guardian” a jornalista russa Olga Mutovina.

Os dados do portal Statista referentes a 2020 mostram que a região do Daguestão teve a quinta maior taxa de desemprego do país: 16,3%. A Ossétia do Norte (14,9%) e a Buriácia (10,8%) também ficaram entre as dez regiões com valores mais altos. Em fevereiro deste ano, a Rússia registava uma taxa de desemprego de 4,1%.

No Daguestão, o salário médio mensal era de 350 euros em 2020, de acordo com o CEIC Data. Na Ossétia do Norte, este valor desce ligeiramente, para 340 euros. Em Oremburgo, eram 392 euros. Em Volgogrado e na Buriácia, a média sobe para os 402 e 467 euros, respetivamente. Foram oferecidos salários entre os 1900 e os 2400 euros para recrutar soldados no Daguestão para servirem na “operação militar especial” na Ucrânia, segundo o órgão de informação independente russo Meduza.

O desemprego é elevado na região do Daguestao
O desemprego é elevado na região do Daguestao Ucg/Getty

Na análise às biografias dos russos que morreram na guerra na Ucrânia, encontram-se muitas histórias de homens que estudaram e tentaram ter um emprego estável, mas que depois regressaram ao exército por não terem outras opções. “O exército é um empregador importante para os territórios onde ganhar dinheiro é quase impossível. Ir para o exército garante um salário estável e segurança”, sublinha à BBC a professora Natalia Zubarevich, economista e geógrafa russa especializada no desenvolvimento socioeconómico das regiões.

Um dos exemplos é Mikhail Garmaev, de Ulan-Ude, na região da Buriácia. Depois de terminar a escola, foi para a faculdade, mas não completou os estudos e entrou para o exército como recruta. Depois regressou a Ulan-Ude e conseguiu um emprego numa empresa de instalação de sistemas de alarme mas, após alguns anos, regressou ao exército e assinou um contrato. Morreu perto de Kiev a 6 de março e a 21 foi enterrado em Ulan-Ude.

Os caixões com militares russos mortos na Ucrânia não estão a chegar só a estas regiões russas, mas também a antigos países soviéticos. A BBC relata cinco casos: dois no Quirguistão, dois no Tajiquistão e um na Ossétia do Sul, região separatista da Geórgia e reconhecida pela Rússia. Todos tinham cidadania russa e idades entre os 19 e os 26 anos. “Os migrantes que não tiveram uma boa educação e não encontraram um emprego melhor na Rússia acham a carreira no exército bastante atrativa. E a forte propaganda reforça-o”, explica à BBC Svetlana Gannushkina, ativista dos direitos humanos russa.

SENTIMENTO DE PATRIOTISMO E DEVER

Os discursos e os valores transmitidos aos mais novos também desempenham um papel importante, conforme estudou Allyson Edwards, professora da Universidade de Warwick que se doutorou no ano passado com uma tese sobre o militarismo russo nos anos 1990. “O patriotismo e o dever são um discurso proeminente perpetuado junto dos jovens em todas as áreas da vida” na Rússia, explica ao Expresso. “O cumprimento do dever patriótico é muitas vezes visto como uma continuação do sacrifício do avô ou bisavô”, destaca Edwards.

A especialista aponta que a Rússia “enquadrou as suas forças armadas como um garante de segurança” e também “glorificou o passado de vitória na guerra, criando uma sociedade hierárquica onde a comunidade veterana da Rússia está acima dos restantes”. Esses veteranos da Grande Guerra Patriótica – denominação dos russos para a Segunda Guerra Mundial – são a “maior geração da Rússia: são valorizados em eventos comemorativos, as crianças atuam em concertos para eles e os estudantes são aconselhados a respeitar aqueles que alcançaram a vitória contra a Alemanha nazi”, enumera Edwards.

Desta forma, o “orgulho nos militares” é relevante e “as circunstâncias também ajudam”. “Os discursos atuais sobre os nazis e o mundo hostil contra a Rússia irão, sem dúvida, reunir apoio à causa russa no país – alguns poderão ver o exército como uma forma de cumprirem um papel ou de promover a vitória dos seus antepassados sobre a Alemanha nazi em 1945”, sintetiza.

  • Texto: Expresso, jornal parceiro do POSTAL
Share on facebook
Facebook
Share on twitter
Twitter
Share on linkedin
Linkedin
Share on whatsapp
Whatsapp
Share on email
Email
Há um novo POSTAL do ALGARVE nas bancas com o Expresso 🌍

Últimas

  • Ala dos Namorados com concerto comemorativo no 35º aniversário de elevação de Loulé a cidade
    Ala dos Namorados com concerto comemorativo no 35º aniversário de elevação de Loulé a cidade
  • Apreendidos 4.500 quilos de haxixe em embarcações de alta velocidade a sul de Portugal
    Apreendidos 4.500 quilos de haxixe em embarcações de alta velocidade a sul de Portugal
  • Município de Castro Marim é “Autarquia + Familiarmente Responsável” pela nona vez
    Município de Castro Marim é “Autarquia + Familiarmente Responsável” pela nona vez
  • Beja entra na lista para novo aeroporto de apoio ao de Lisboa [e Faro]. Passam a ser sete as localizações em estudo
    Beja entra na lista para novo aeroporto de apoio ao de Lisboa [e Faro]. Passam a ser sete as localizações em estudo
  • Rei do Carnaval de Loulé é aspirante a geoparque da UNESCO e chama-se Metoposaurus Algarvensis
    Rei do Carnaval de Loulé é aspirante a geoparque da UNESCO e chama-se Metoposaurus Algarvensis

Opinião

  • Cuidadores de pessoas com deficiência | Por Marta Pimenta de Brito
    Cuidadores de pessoas com deficiência | Por Marta Pimenta de Brito
  • A importância da Dieta Mediterrânica para a saúde humana e para a sustentabilidade | Por Esa Lamy
    A importância da Dieta Mediterrânica para a saúde humana e para a sustentabilidade | Por Esa Lamy
  • Leitura da Semana: Biblioteca Pessoal, de Jorge Luis Borges
    Leitura da Semana: Biblioteca Pessoal, de Jorge Luis Borges

Europe Direct Algarve

  • Programa de financiamento CERV – Cidadãos, Igualdade, Direitos e Valores pelo comissário Reynders [vídeo]
    Programa de financiamento CERV – Cidadãos, Igualdade, Direitos e Valores pelo comissário Reynders [vídeo]
  • Programa europeu CERV – Cidadãos, Igualdade, Direitos e Valores vai ser apresentado na República 14 em Olhão
    Programa europeu CERV – Cidadãos, Igualdade, Direitos e Valores vai ser apresentado na República 14 em Olhão
  • Rentabilizar os talentos existentes na Europa: um novo impulso para as regiões da UE
    Rentabilizar os talentos existentes na Europa: um novo impulso para as regiões da UE
  • Política de Privacidade, Estatuto Editorial e Lei da Transparência
Configurações de privacidade
©2023 Postal do Algarve