Enquanto os preços da habitação continuam a atingir níveis cada vez mais difíceis de suportar para grande parte da população, existe um lugar que desafia todas as convenções: Fuggerei, um bairro em Augsburgo, na Alemanha, reconhecido como o mais antigo projeto de habitação social do mundo. Com uma renda anual simbólica de apenas 0,88 euros, este enclave apresenta-se como uma alternativa à crise habitacional global. Fundado em 1521 pelo magnata Jakob Fugger, Fuggerei preserva as suas características históricas e continua a operar de acordo com os princípios definidos na sua criação.
Jakob Fugger, uma das figuras mais influentes da história económica, concebeu Fuggerei como uma forma de apoiar os mais necessitados, enquanto assegurava orações constantes pela salvação da sua alma. Profundamente inspirado pelas suas convicções religiosas, Fugger estabeleceu critérios rigorosos para os futuros moradores do bairro, que se mantêm inalterados até aos dias de hoje.
Os requisitos para residir em Fuggerei incluem, segundo o Executive Digest:
- Ter vivido em Augsburgo por, no mínimo, dois anos;
- Encontrar-se numa situação de necessidade financeira, sem dívidas;
- Ser católico e rezar três vezes ao dia pela alma de Jakob Fugger.
O custo anual de 0,88 euros, equivalente a um florim renano, é o mesmo desde o século XVI e continua a ser possível graças à fundação criada por Fugger, que assegura a sustentabilidade do projeto.
A longevidade de Fuggerei deve-se à administração criteriosa dos recursos da fundação, que conseguiu ultrapassar desafios económicos ao longo dos séculos. Mesmo com perdas noutros setores, os rendimentos provenientes de investimentos estratégicos, como as florestas adquiridas no século XVII, permitiram a manutenção e o desenvolvimento do bairro. Assim, Fuggerei continua a oferecer habitação acessível enquanto preserva o seu caráter histórico.
Atualmente, de acordo com a mesma fonte, cerca de 150 pessoas vivem em Fuggerei. Além da sua função social, tornou-se também uma atração turística , onde visitantes podem explorar as suas ruas e aprender sobre o seu passado por 6,50 euros, um valor que supera em muito a renda anual de um residente.
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