Martins Leal, 72 anos, natural de Olhão, despertou para a pintura desde cedo, muito atraído pela cor, pelas formas. Essa paixão levou-o a fazer a primeira exposição aos 15 anos e a ingressar no Curso de Belas Artes.
Após três anos de formação, foi chamado para a Guerra de Ultramar, onde conseguiu fazer uso do seu talento como pintor, ao ser nomeado chefe da ação psicológica do batalhão de comandos em Moçambique, ficando responsável pelas ações de propaganda e sensibilização que se faziam, a nível de cartazes e panfletos. As fracas condições e escassez de material não impediram o Mestre de exercer o seu talento, como aconteceu com o seu primeiro cartaz, pintado com uma escova de dentes.
Ao longo do seu percurso fez mais de 150 exposições e perde-se a conta ao número de obras que executou. Conhecido pela produção intensa e frequente variação de estilo experimentou ao longo do seu percurso diferentes técnicas e “caligrafias”.
Toda essa experiência leva-o, nas palavras dos seus alunos, a ser a pessoa certa para estar à frente do CAPO – Centro de Arte de Pintores Olhanense. Criado em março de 1990, o Centro nasce de um convite feito pela Câmara Municipal de Olhão, por João Bonança e António Pina, a Martins Leal. No início o projeto promovido pela Câmara e gerido pela Junta de Freguesia de Olhão, desenvolveu-se num pequeno espaço, na Galeria Adriano Baptista, mas a forte adesão levou a que em outubro de 1991 se instalassem no atual espaço. Ao longo de 28 anos passaram pelo CAPO centenas de pessoas. Atualmente frequentam o Centro uma média de 30 pintores que todos os anos realizam uma exposição de trabalhos, sempre no dia 16 de junho, na galeria da Biblioteca Municipal de Olhão.
(Artigo publicado no Caderno Cultura.Sul de Junho)