A Autoridade Nacional de Protecção Civil informou hoje que desde Janeiro e até ao final de Outubro de 2014 se registaram 399 incêndios no Algarve, na sua maioria em terrenos agrícolas, dos quais resultaram 848 hectares de área ardida.
Os dados referentes ao balanço do Dispositivo Especial de Combate aos Incêndios Florestais (DECIF), apresentados hoje, apontam ainda para uma maior incidência dos fogos durante a fase Bravo, que decorre entre 15 de Maio e 30 de Junho, ao contrário da habitual prevalência de incêndios na fase mais crítica do verão (Julho e Agosto).
De acordo com João Martins, do Instituto Nacional de Conservação de Florestas (INCF), a maior incidência dos incêndios com origem agrícola pode estar relacionada com uma reactivação de práticas agrícolas e com o uso do fogo para a queima de resíduos, o que fez com que dos 399 incêndios, 49% correspondessem a incêndios agrícolas.
Seguem-se fogachos e incêndios florestais
Aos incêndios agrícolas, seguiram-se os fogachos (43%) e no final da lista os incêndios florestais (8%), sendo que quase metade (384 hectares) da área ardida no Algarve este ano, até 31 de Outubro, corresponde ao incêndio que deflagrou em Junho na Mexilhoeira Grande (Portimão).
Este e outro incêndio ocorrido em São Marcos da Serra, Silves, correspondem, no seu conjunto, a 68% da área ardida em toda a região, sendo que os locais de ignição de ambos coincidem com os grandes incêndios ocorridos em Monchique, no ano de 2003, e no Barranco do Velho, em Loulé, em 2004, que resultaram numa área ardida de aproximadamente 50.000 hectares.
A Autoridade Nacional da Protecção Civil acrescentou ainda que, no ano de 2004, a área ardida no Algarve foi 47 vezes superior à registada neste ano.
Aquela autoridade registou, até 31 de Outubro, 435 ocorrências no Algarve, a maioria das quais nos concelhos de Loulé (61) e Silves (45), o que se explica pela grande dimensão daqueles territórios.
Em Albufeira e Faro também houve um número significativo de ocorrências (32, em ambos os concelhos), o que tem a ver com a grande concentração de pessoas naquelas zonas do litoral, sobretudo no verão.
Até àquela data, não houve qualquer detenção em flagrante por parte da GNR relacionada com os incêndios, mas foram constituídos arguidos por crime de incêndio 65 pessoas.
A GNR procedeu ainda ao levantamento de 187 autos por crimes de incêndio, mais sete do que em 2013.
(Agência Lusa)