O levantamento da imposição de quarentena a quem entra na Alemanha desde Portugal devido à pandemia de covid-19 é “uma boa notícia” para o turismo, mas não tem efeitos imediatos, disse o presidente da principal associação hoteleira do Algarve.
O presidente da Associação de Hotéis e Empreendimentos Turísticos do Algarve (AHETA), Elidérico Viegas, reagiu assim à decisão anunciada na segunda-feira pela Alemanha de retirar Portugal da lista de países com interdição de entrada no país devido a alta prevalência da estirpe Delta do vírus covid-19, levantando a obrigação de cumprir uma quarentena de 14 dias, caso seja comprovada a vacinação completa ou a recuperação da doença.
“É uma boa notícia, naturalmente, não fazia sentido que a Alemanha tivesse subscrito o chamado certificado digital e depois tivessem imposto restrições diferentes das que tinha aprovado no seio da UE [União Europeia]”, afirmou Elidérico Viegas em declarações à agência Lusa, observando que a decisão de impor estas restrições, adotada uma semana antes, era “uma contradição que merecia ser reparada o mais rapidamente possível”.
O presidente da associação hoteleira algarvia classificou a decisão alemã como “uma notícia positiva”, por se tratar do “segundo mercado externo mais importante” para o Algarve, embora os alemães “não procurem muito o Algarve nos meses mais fortes, designadamente no mês de agosto, concentrando-se mais nos meses laterais da época turística”.
Esta alteração da classificação de risco em Portugal pelas autoridades alemãs abre assim, segundo o dirigente associativo, “boas perspetivas para a procura do mercado alemão nos meses de setembro e outubro”, os que costumam ser mais procurado pelos turistas germânicos.
“Isto nas basta carregar no botão e amanhã passamos a ter turistas. Os processos vão demorar a recuperar, porque o mercado alemão tem uma quebra na ordem dos 80%, mas de qualquer forma não deixa de constituir uma medida que pode contribuir para um aumento da procura dos alemães, embora, no período que atravessamos, as pessoas viagem menos e isso vai certamente continuar a verificar-se”, observou.
Elidérico Viegas considerou também que a decisão alemã tem outro efeito “psicológico”, que passa por “evitar o contágio a outros mercados, designadamente a Holanda e a Irlanda”, que são também “mercados externos importantes” para o Algarve.
O presidente da AHETA lembrou, no entanto, que a Alemanha ainda classifica Portugal no segundo nível de risco, designado por “áreas de incidência elevada” da variante de covid-19, e “isso é suficiente para que os alemães, como povo cumpridor das recomendações dos seus dirigentes, nomeadamente do Governo, possam continuar a não escolher viajar para Portugal”.
“É uma boa notícia, mas é preciso calma”, acrescentou Elidérico Viegas.
A interdição de entrada na Alemanha foi levantada também em relação ao Reino Unido, a Índia, a Rússia e o Nepal, além de Portugal, anunciou o Instituto Robert-Koch de Vigilância Sanitária, ao anunciar uma revisão do nível de risco que entrará em vigor na quarta-feira.
Os viajantes provenientes das áreas nesta categoria não são obrigados a fazer quarentena se conseguirem provar que já estão totalmente vacinados ou que contraíram a doença e já recuperaram.
Os restantes podem ter uma quarentena reduzida de dez dias se testarem negativo após cinco dias.
Onze países vão continuar na lista vermelha da nova variante: Brasil, Moçambique, Botswana, Eswatini, Lesoto, Malawi, Namíbia, Zâmbia, Zimbabué, África do Sul e Uruguai.
A pandemia de covid-19 provocou pelo menos 3.980.935 mortos em todo o mundo, resultantes de mais de 183,7 milhões de casos de infeção pelo novo coronavírus, segundo o balanço mais recente feito pela agência France Presse.
Em Portugal, desde o início da pandemia, em março de 2020, morreram 17.117 pessoas e foram registados 890.571 casos de infeção, de acordo com a Direção-Geral da Saúde.
A doença respiratória é provocada pelo coronavírus SARS-CoV-2, detetado no final de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China, e atualmente com variantes identificadas em países como o Reino Unido, a Índia ou a África do Sul.