Um auto-teste para o VIH/sida começa hoje a ser vendido em farmácias em Portugal, podendo ser realizado em casa através de uma picada no dedo e deverá custar entre 20 a 25 euros.
“É mais uma alternativa que se veio juntar a todas as outras que já existem, como as análises de rotina, a possibilidade de fazer o teste no centro de saúde, num hospital ou numa organização de base comunitária. É mais uma opção, que pretende facilitar o acesso ao diagnóstico”, afirmou a responsável pelo Programa Nacional para a Infeção VIH/sida, Isabel Aldir.
A diferença neste teste, segundo a perita da direção-geral da Saúde, está no facto de poder ser levado para casa e feito de forma autónoma.
O teste tem um custo associado, que deverá rondar os 20 a 25 euros, embora o preço seja livre e por isso vá ser definido pelas farmácias que o decidam vender.
O facto de ter um custo associado pode ser um fator dissuasor para algumas pessoas, admite Isabel Aldir, adiantando que nesses casos há formas de realizar o teste de forma gratuita, como nos centros de saúde ou nas organizações de base comunitária.
Esta solução de auto-teste pode ser uma opção para quem prefira, mesmo gastando dinheiro, realizar o teste em sua casa.
Em Cascais, há farmácias que já realizam um teste rápido de rastreio ao VIH/sida, que é gratuito, uma iniciativa que Isabel Aldir espera que vá sendo alargada a outras cidades, nomeadamente Lisboa e Porto.
Minutos após a realização do teste é indicado um resultado
O teste para ser feito em casa, e que começa a ser vendido agora nas farmácias, consiste numa picada num dedo, sendo o sangue colocado numa tira reagente. Em minutos é indicado um resultado.
Segundo a responsável da direção-geral da Saúde, o teste é “muito sensível e muito específico”, com grande probabilidade de o resultado corresponder ao estado real de infeção.
Perante um resultado reativo, a pessoa deve entrar em contacto com o SNS 24, serviço que pode prestar informações e apoio e depois encaminhar para um serviço hospitalar onde o resultado deve ser confirmado. A alternativa é também dirigir-se ao médico de família ou a uma organização comunitária, de forma a esclarecer as suas dúvidas e fazer um teste de confirmação.
Para a presidente da Liga Portuguesa Contra a Sida, este teste é uma “janela de oportunidade” para alargar a realização de testes ou rastreios, mas serve essencialmente para quem tem poder económico para o fazer.
Maria Eugénia Saraiva, da Liga, declarou à agência Lusa que há segmentos da população que não terão oportunidade de comprar estes auto-testes.
“Continua a haver outros serviços a quem podem recorrer, como as organizações de base comunitária, que realizam não só este tipo de teste, mas também a várias infeções sexualmente transmissíveis”, afirmou, lembrando que a Liga Portuguesa Contra a Sida tem uma unidade móvel de rastreio que vai a bairros e procura populações mais vulneráveis a outras infeções.
“Muitas dessas pessoas não terão certamente condições financeiras para recorrer a este teste”, lembrou.
Também o presidente da associação Abraço, Gonçalo Lobo, afirma que o objetivo é que “a realização dos testes” ao VIH/sida seja “o mais democrática possível” e em qualquer ponto do país.
Sobre o auto-teste para realizar em casa, Gonçalo Lobo considera que tem a vantagem de minimizar contactos com profissionais de saúde que possam inquirir sobre hábitos sexuais ou perguntar quais os motivos para querer realizar um teste.
“Vivemos num país que ainda tem a culpa associada à questão da sexualidade. Quando não tenho que me confrontar com uma pessoa que coloca questões, isso fica mais facilitado do ponto de vista da culpa ou da vergonha”, indicou.
(CM)