Trata-se de uma nova estirpe de uma microalga com elevado potencial para produção de biomassa e bio-óleos. Os investigadores do CCMAR que conduziram o estudo estão optimistas e explicam que a estreita colaboração com a indústria aumenta ainda mais as perspcetivas de aplicação futura a nível mundial.
Um grupo de investigadores do Centro de Ciências do Mar (CCMAR), na Universidade do Algarve, conseguiu isolar e caracterizar uma nova microalga com aplicação na produção de biodiesel. A nova estirpe, isolada a partir das águas costeiras do Algarve, é capaz de acumular um elevado conteúdo em bio-óleos, os quais têm as caraterísticas adequadas para a produção de biodiesel. Para além disso, é uma microalga com uma elevada produtividade tanto a nível de produção de biomassa como de bio-óleos, o que faz com que o leque de aplicações seja ainda mais alargado.
Estes resultados foram obtidos em meio de cultura laboratorial e efluentes de Estações de Tratamento Residuais (ETAR). A robustez demonstrada por esta microalga abre novas avenidas de investigação e desenvolvimento para o seu uso no tratamento de efluentes urbanos e produção de bioenergia.
O potencial da microalga é elevado e os investigadores do CCMAR têm desenvolvido uma activa colaboração junto de parceiros industriais, de modo a aumentar a produção desta microalga, mas também de forma a aproveitar o efeito deste cultivo no sequestro de CO2.
No seguimento deste objectivo, o CCMAR e a Universidade do Algarve, estão a colaborar com a Secil na recentemente inaugurada Unidade de Produção de Microalgas (Algafarm), localizada em Pataias. Neste espaço, considerado o maior conjunto de fotobiorreatores em sistema fechado da Europa, a cimenteira investiu 15 milhões de euros com o objectivo de desenvolver tecnologias de mitigação do impacto da libertação de CO2, decorrente da sua actividade.
João Varela, Luísa Barreira e Hugo Pereira são os investigadores do CCMAR que colaboram de uma forma muito estreita com a Algafarm para a transferência de know-how, tecnologia e material biológico. A recente descoberta dos cientistas poderá permitir um maior aproveitamento e rentabilidade da produção de microalgas, cujo cultivo, por si mesmo, já cumpre o objectivo de consumo de CO2.
As expectativas em relação a novos mercados e à aplicação a nível mundial são elevadas, quer por parte da indústria, quer da comunidade científica. O isolamento e caracterização da estirpe resultaram já em dois artigos, publicados no final de Outubro, nas revistas Scientific Reports (do grupo da Nature Publishing Group) e Bioresource Technology.
Neste momento, o CCMAR e os parceiros industriais do centro já se encontram a estudar a adaptação desta estirpe de microalgas para produção industrial em larga escala.