Os pescadores algarvios, em dificuldades por estarem impedidos de capturar canilha na zona de produção L9 (Tavira-Vila Real de Santo António), podem ser autorizados a retomar a pesca a partir de terça-feira, estimou hoje o Ministério do Mar.
A Associação de Armadores e Pescadores de Tavira (APTAV) alertou na sexta-feira para as dificuldades que atravessa uma dezena de embarcações de pesca artesanal tradicional e costeira a operar no sotavento algarvio, devido à interdição à captura de canilha, mas o Ministério do Mar adiantou à agência Lusa a interdição pode ser levantada quando forem conhecidos os resultados das análises para determinar a salubridade da espécie, na terça-feira.
O presidente da APTAV tinha dito à Lusa que “a incorporação de uma diretiva europeia na legislação nacional passou a exigir que o nome da espécie fosse incluído na lista” que autoriza ou não a apanha e comercialização de moluscos bivalves, equinodermes, tunicados e gastrópodes marinhos vivos para as diferentes zonas do país.
Segundo Leonardo Diogo, a medida deixou os pescadores da zona de captura L9, que abrange a faixa litoral entre Tavira e Vila Real de Santo António, no Algarve, impedidos de apanhar canilha, molusco gastrópode marinho que nunca integrara essa lista.
A mesma fonte disse que a canilha (bolinus brandaris) sempre foi comercializada, nunca foi incluída na listagem do Instituto Português do Mar e Amosfeta (IPMA) e a Docapesca, entidade responsável pela gestão de portos de pesca e lotas em Portugal, “também autorizava a sua venda” em lota.
No entanto, a situação alterou-se depois de um dos lotes para venda ter sido fiscalizado pela GNR durante o transporte e ter sido alvo de um auto de contraordenação por, à luz da nova legislação, ter passado a ser considerada interdita, lamentou.
“O IPMA, I.P. foi contactado no dia 19 de julho último pela APTAV, pedindo informações sobre a interdição de búzio – canilha (Bolinus brandaris) no Litoral Tavira-VRSA, L9. Foi agilizada, em conjunto com a APTAV, a recolha de amostras de búzio – canilha na referida zona de produção, de forma a serem analisadas para biotoxinas marinhas e metais contaminantes, para garantir que as mesmas se encontravam em condições de serem comercializadas e consumidas”, explicou o Ministério do Mar.
A mesma fonte frisou que a amostra entrou nos laboratórios a 22 de julho e, “uma vez obtidos os resultados analíticos para esta espécie, poderá então verificar-se a compatibilidade dos mesmos com os limites que permitem a apanha de búzio – canilha na zona de produção L9”.
“Prevê-se que os referidos resultados analíticos estejam disponíveis na próxima terça-feira, 03 de agosto, data em que esta espécie será adicionada à lista de espécies que constam do Comunicado do IPMA ‘Apanha e comercialização de moluscos bivalves, equinodermes, tunicados e gastrópodes marinhos vivos’. que indica as interdições e aberturas, disponível em https://www.ipma.pt/pt/bivalves/index.jsp”, acrescentou o Ministério.
A mesma fonte adiantou também que, por tratar-se de “espécie com interesse comercial”, a canilha “passará a ser analisada regularmente pelo IPMA, I.P”.