“Exploradas e tratadas como lixo” é o tema de uma campanha lançada hoje pelo Governo que visa alertar para o tráfico de crianças e apelar aos portugueses para que denunciem quando suspeitarem de algum caso.
“O tema da campanha é sobre o tráfico de crianças, um tema sensível, um tema actual e que neste momento, com os movimentos migratórios que existem, ainda se torna mais importante” falar sobre ele, disse à Lusa a secretária de Estado para a Cidadania e a Igualdade, Catarina Marcelino.
Dados avançados por Catarina Marcelino indicam que, entre 2008 e 2015, foram sinalizadas em Portugal 1.306 pessoas vítimas de tráfico de seres humanas, das quais 177 era crianças, o corresponde a 14% do total das vítimas.
“É um número muito significativo e expressivo, porque estamos a falar de uma situação em que todos são vítimas e estamos a falar daqueles que são mais desprotegidos, as crianças”, sublinhou.
Das 177 crianças sinalizadas, 30 estavam em trânsito, não ficaram em Portugal, disse Catarina Marcelino.
Relativamente às nacionalidades destas crianças, a governante disse que são oriundas de vários países, como da Nigéria, da Roménia, da Bulgária, de Portugal, da Bulgária, da Guiné.
Crianças são traficadas para trabalho infantil e prostituição
O trabalho infantil e a prostituição foram apontados pela secretária de Estado como os “grandes motivos pelos quais as crianças são traficadas”.
Catarina Marcelino sublinhou que Portugal tem repostas no terreno para pessoas vítimas de tráfico, nomeadamente três casas de acolhimento: Uma na região norte e outra no sul para mulheres e crianças e uma terceira na zona centro para homens.
“Houve uma mudança nos últimos anos ao nível do tráfico” que passou de “uma população predominantemente de mulheres para tráfico sexual, para um número cada vez mais crescente de homens para tráfico laboral, nomeadamente na região do Alentejo”, comentou.
A secretária de Estado explicou que, além das casas de acolhimento, muitas vezes há a necessidade de uma resposta residencial para proteger as vítimas dos traficantes enquanto está a decorrer o processo.
“Estamos a falar de uma realidade muito dura”, disse, sublinhando que há também equipas multidisciplinares por cada região do país para apoiar estas pessoas.
“A última equipa foi criada este ano no Algarve, porque é uma zona de muito turismo e de muita mobilidade, que precisava de uma resposta mais localizada”, frisou.
Lançada no âmbito do Dia Europeu de Combate ao Tráfico de Seres Humanos, que se assinala a 18 de Outubro, a campanha “Exploradas e tratadas como lixo – Mude a história e dê-lhes uma infância”, que decorre até Dezembro, foi apresentada hoje na Estação do Metro Baixa-Chiado, em Lisboa.
A iniciativa dá cumprimento a uma das medidas previstas no Plano Nacional de Prevenção e Combate ao Tráfico de Seres Humanos.
(Agência Lusa)