O rumo da delegação da RTP em Faro é cada vez mais incerto. Recentemente, surgiu a informação de que poderia existir uma intenção de conhecimento do valor do edifício, bem como, a intenção de venda do mesmo. Ao que o POSTAL conseguiu apurar, surgem rumores de uma possível venda da atual sede da delegação, “possivelmente a um grupo francês para a construção de um hipermercado”, acrescenta Humberto Ricardo, ex-jornalista da RDP.
Em conversa com o POSTAL, Paulo Mendes, representante da Comissão de Trabalhadores da RTP, assumiu que a comissão “tem conhecimento da existência de uma intenção de venda há cerca de um mês. A informação que nos chegou é que todas as opções estão abertas, mas existe interesse na venda da atual sede da delegação em Faro e a posterior mudança para instalações cedidas pela Universidade do Algarve”.
“Não é normal que instituições desta dimensão trabalhem dentro de outras instituições, até porque a delegação de Faro abrange todo o Algarve e Baixo Alentejo”, disse Paulo Mendes ao POSTAL. O representante da comissão defende, ainda, que uma das opções poderia passar “pela venda do terreno inutilizado que está ao lado do edifício. Os interessados poderiam utilizar esse espaço e a sede da RTP continuaria a ser utilizada. Outra opção seria a construção, no local atual da sede, de um Centro de Multimédia do Algarve que pudesse albergar mais que um órgão de comunicação, sendo que, a empresa que procedesse à criação deste espaço faria uso do resto do terreno”.
Também o professor doutor José Carlos Vilhena Mesquita, da Universidade do Algarve, se mostra incomodado com esta possibilidade. O professor universitário desabafa na sua página de Facebook, dizendo que “é pena que destruam este edifício, que foi construído de raiz para nele se instalar a antiga Rádio Algarve, ao tempo o mais moderno meio de comunicação, que difundiu a cultura e a voz dos algarvios por todo o mundo”. Na mesma publicação, também Humberto Ricardo se mostra descontente com a medida, considerando que “em causa não está só uma eventual demolição do edifício, mas um processo oculto de desmedida ganância para arrecadar dinheiro destinado a cofres ainda desconhecidos”.
UAlg poderá ser “nova casa” da delegação
Quanto à possibilidade de transferir a estação para um outro edifício (fala-se que a Universidade do Algarve tenha cedido 300 m2 para o efeito), Vilhena Mesquita defende que, no ano passado, se dirigiu às instalações da RTP com um radialista estrangeiro que considerou o espaço um local inigualável, dizendo que “seria impossível nos dias de hoje construir algo igual. Porque para além de ser imensamente dispendioso, também já não temos hoje materiais com a mesma qualidade de insonorização”.
Humberto Ricardo, que conhece bastante bem as instalações e o trabalho ali desenvolvido, defende que esta mudança não é benéfica. “Por toda a história daquele edifício, é uma pena e um desperdício inutilizar o espaço. Este espaço foi alvo de obras recentemente e a mudança para um novo espaço terá um custo associado de cerca de um milhão de euros o que seria, naturalmente, jogar o dinheiro gasto nas obras ao lixo”, afirma o ex-jornalista.
Esta não é a primeira medida a ser tomada pela emissora nacional que preocupa os algarvios. Em 2011, o POSTAL avançou o final do Portugal em Direto, o único programa da emissora nacional realizado no Algarve. Público e jornalistas estão “preocupados com esta centralização da informação. Foi-nos prometida uma descentralização e está a acontecer exatamente o contrário. O Algarve tem cada vez menos delegações de informação, temos cada vez menos voz no país”, acrescenta Humberto Ricardo.
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