No passado dia 17 de Abril, tive o prazer de participar numa reunião no país vizinho, em Mérida, com camaradas do Grupo Ecologista do Bloco e representantes de várias organizações portuguesas e espanholas, que tinha o objectivo de organizar uma manifestação pelo encerramento da Central Nuclear de Almaraz.
A Central, em funcionamento desde a década de 80, ultrapassa em mais de cinco anos o seu período de vida útil e representa um risco eminente para o território nacional e além Portugal, reprovando nos testes de resistência feitos pela Greenpeace – principalmente quando se fala do já muito afectado e poluído rio Tejo, no qual é refrigerado o seu reactor e onde são feitas descargas nucleares através do embalse de Arrocampo. Tem registados 54 acidentes desde a sua inauguração, o seu desenho já sofreu 4000 modificações e parou de emergência 32 vezes (quase uma vez, em média, por ano de funcionamento) e três vezes para manutenção, pelo que é de extrema necessidade acabar com o seu funcionamento.
A ameaça à segurança das populações, fronteiriças e não só, cresce exponencialmente, e essas populações valem mais do que os lucros de 161 milhões dos accionistas da central (Endesa, Iberdrola e União Fenosa) – não se tomam em consideração, ainda, os problemas associados aos acidentes naturais, como sismos ou inundações, nem os sistemas externos de gestão de socorro que deveriam funcionar se os mesmos ocorressem. Para além disso, aquilo esta central produz é irrelevante para o sistema energético espanhol, uma vez que a oferta energética existente já satisfaz a procura correspondente.
A manifestação agendada para dia 11 de Junho, terá lugar em Cáceres, às 19 horas, com autocarros a sair de vários pontos do nosso país, consoante as inscrições com que vamos contando e que já ultrapassam as 200 numa margem considerável. Foi feita uma mobilização, de forma ampla e forte, para que seja dado o sinal inequívoco da vontade popular pelo encerramento de Almaraz, também manifestado unanimemente pelo Parlamento Português.
Existe um argumento que defende que a energia nuclear é barata: mas isso só se sustenta pela imposição à sociedade das graves consequências que de um simples acidente podem resultar.
Não queremos mais Chernóbeis nem Fukushimas – não podemos ignorar nem compactuar com uma situação insustentável. Queremos fechar Almaraz. E que descanse em paz.
Em fecharalmaraz.org é possível fazer a inscrição e ter acesso a toda a informação. Contamos contigo? Até lá!
* Estudante de Gestão na Nova School of Business and Economics em Lisboa