A cidade de Faro vai ter em breve um Centro de Recolha Oficial (CRO) para animais, normalmente denominado de canil/gatil, para acolher os animais abandonados e sujeitos a maus-tratos do concelho.
A informação foi avançada pelo presidente da autarquia Rogério Bacalhau durante a intervenção realizada na Conferência ‘Bem-estar Animal, Saúde Pública, Crime e Direitos’, organizada pelo Núcleo de Faro da Pravi, ontem de manhã, no auditório da Ordem dos Advogados em Faro.
Verba orçamentada e projecto concluído garantem obra
Ao POSTAL o presidente adiantou que “a verba para a construção do CRO concelhio foi incluída na revisão orçamental aprovada recentemente para as contas do município deste ano”.
O investimento da autarquia será superior a 400 mil euros para criar o equipamento destinado à protecção animal que “será implantado num terreno com cerca de um hectare na zona do Patacão”, referiu o autarca.
Ao POSTAL Rogério Bacalhau confirmou ainda que “o projecto arranca com a primeira fase mal sejam concluídos os projectos de especialidade da obra e que esta estará concluída em 2018”, sendo que o CRO pode ter uma segunda fase quando se venha a justificar.
“Trata-se de uma obra absolutamente necessária no concelho face à inexistência de uma infra-estrutura municipal que responda às questões relacionadas com os animais”, diz Rogério Bacalhau, sublinhando que “o protocolo existente entre a autarquia e o Canil de São Francisco em Loulé não dá resposta às necessidades de Faro nesta matéria”.
Mais de 150 animais poderão ser acolhidos na primeira fase CRO
Concluída a construção da primeira fase do CRO, Faro ficará equipado com um equipamento capaz de acolher mais de 150 animais.
Estes animais, nos termos da nova legislação nacional, não podem ser abatidos e, por isso, o presidente quer ver a infra-estrutura dotada de uma área destinada à adopção de animais que “será agilizada em parceria com as associações de protecção de animais do concelho”.
“Não é desejável que os animais estejam no CRO mais do que o tempo necessário e indispensável à sua recuperação, caso seja necessária, ou à sua adopção por quem tenha condições adequadas para o fazer”, diz o autarca.
E o CRO inter-municipal é um projecto abandonado?
Para Rogério Bacalhau Faro tem de ter um equipamento próprio nesta matéria. “Mesmo no quadro da hipotética existência de um CRO inter-municipal, o estudo que a AMAL fez para o mesmo implicaria a existência de CROs municipais”.
“Trata-se de antes de mais criar uma estrutura que permita dar resposta em tempo real às necessidades constantes e de forma eficiente ao nível concelhio, o que não seria possível fazer sem este equipamento, mesmo que houvesse um CRO inter-municipal”, diz Rogério Bacalhau.
Já para Marta Correia, responsável da Pravi – Faro, “é com muito agrado que a associação recebe a notícia que a actual Câmara vai equipar o concelho com uma resposta capaz às situações de abandono e maus-tratos de animais em Faro”.
A activista dos direitos dos animais realça que esta infra-estrutura é aguardada no concelho, não só pelas associações, mas pela população, há mais de uma década e que agora, acredita, vai ser uma realidade”.
“Trata-se da mudança de paradigma”, diz Marta Correia ao POSTAL, “os animais passarão em Faro, porque assim impõe a nova lei, a ter um local digno de acolhimento e quando saírem do CRO – após uma permanência mínima de 15 dias para eventual reclamação dos mesmos pelos tutores – já estarão esterilizados e com chip aplicado”.
“Isto é muito diferente do que as associações zoófilas e demais entidades fazem actualmente em Faro, porque não podem, não obstante o seu enorme esforço e o dos seus voluntários, ter esta resposta verdadeiramente adequada e que evita de forma total a proliferação de animais de rua capazes de se reproduzirem de forma descontrolada”, diz a responsável associativa.
“Esta é uma resposta essencial para o concelho de Faro e para as necessidades dos animais que são todos os dias vítimas de abandono e maus-tratos na nossa sociedade”, remata.