Uma família, casal e dois filhos, todos gerentes de vários cabeleireiros do Grande Porto, lesaram o estado em 1,8 milhões de euros, valor que não declararam aos cofres do Estado em sede de IVA e IRC, avança o Correio da Manhã.
Neste processo são arguidas mais seis pessoas – funcionários das lojas, testas de ferro e até um advogado – assim como seis sociedades, entre as quais uma offshore com morada nos EUA. Vão todos ser julgados no Tribunal de S. João Novo por crimes de fraude fiscal qualificada e branqueamento de capitais.
Segundo a mesma fonte, após consulta do processo, uma offshore foi criada por um dos filhos do casal usando documentos de uma terceira pessoa. A empresa destinava-se a receber parte dos valores não declarados. Foi o advogado que auxiliou a família a constituir esta sociedade e a usá-la como veículo de branqueamento.
Nas 131 páginas da acusação, a procuradora enumera todas as formas usadas pela família para não declararem aqueles rendimentos. Uma das maneiras foi montar uma contabilidade paralela nas lojas do grupo, fazendo circular o dinheiro recebido através de pagamentos feitos com cartão, diretamente para as suas contas pessoais. Os valores não eram assim inscritos nas respetivas declarações periódicas, sendo ocultados do Estado. Depois, com medo de serem descobertos, passaram a usar as contas bancárias de outros três arguidos para assim receberem os pagamentos dos serviços prestados nos cabeleireiros e que não eram declarados ao Fisco.
Em 2015 a família mandou desligar os terminais de multibanco nas lojas. Desta forma, os clientes eram obrigados a pagar em dinheiro, isto nos casos em que não fosse pedida fatura com número de contribuinte. Os valores eram depois colocados em envelopes e entregues ao núcleo duro.
A investigação iniciou-se em 2011, após o grupo de salões ser alvo de uma ação de inspeção da Autoridade Tributária com o apoio da Direção das Finanças do Porto.
Em 2011, a ‘cabeleireira dos famosos’ declarou em IRS rendimentos de trabalho dependente no valor bruto de 33 mil euros, mas as suas contas indicam que foram efetuados créditos globais de 606 mil euros.
A procuradora do MP indica que o grupo familiar omitiu do Fisco e apoderou-se de quase 911 mil euros em sede de IRC e quase 912 mil em sede de IVA.