A Associação Animais de Rua e a Câmara de Faro, com o apoio veterinário da Change for Animals Foundation, já esterilizaram, vacinaram e desparasitaram 161 gatos dos 230 da colónia de animais errantes da Ilha de Faro, segundo a associação.
Maria Pinto Teixeira, da Associação Animais de Rua, explicou à Lusa que este trabalho “é muito importante”, porque “o controlo populacional dos animais se tornava muito urgente” na Ilha de Faro (ou península do Ancão), com uma comunidade piscatória relativamente grande e muitos turistas durante o Verão.
“No Inverno, [os animais] passam alguma fome e comem apenas restos de peixe fornecidos pelos pescadores. E no Verão têm excesso de comida, porque são alimentados pelos pescadores e pelos turistas. Começaram a reproduzir-se muitíssimo, isto é um território bastante pequeno e aqui viviam 230 gatos que nós recenseámos em Novembro do ano passado e em Agosto deste ano”, afirmou.
O objectivo, segundo a representante, era saber rigorosamente quantos animais existiam e avançar com esterilizações – “o mais aproximado possível dos 100%” -, tendo a equipa composta por cinco veterinários voluntários da Change for Animals Foundation conseguido atingir “até agora 74%”, com 161 dos 230 gatos esterilizados.
Foi também feito um “inquérito à comunidade para perceber qual a sua atitude face aos animais e de que forma essa atitude pode ser alterada se eles forem esterilizados e desparasitados”, disse Maria Pinto Teixeira, frisando que uma equipa de investigadores vai depois determinar se projectos deste tipo podem influenciar comportamentos.
Associação vai deslocar-se à ilha de Faro duas vezes por ano para fazer novos recenseamentos
No recenseamento, foi utilizada uma aplicação informática desenvolvida no Reino Unido especialmente para este projecto que tem a fotografia do animal, a condição física, o sexo e a idade aproximada. Um sistema de GPS dá a localização exacta dos animais, precisou.
Maria Pinto Teixeira frisou que esta “é a primeira vez a nível mundial que se faz um estudo deste tipo” tendo por alvo uma “população contida numa península, que apenas está ligada ao continente por uma estrada” e para onde “não há migração voluntária de animais”.
A Associação Animais de Rua vai deslocar-se à ilha de Faro duas vezes por ano para fazer novos recenseamentos e perceber a que ritmo as populações decrescem quando se faz uma esterilização deste tipo.
“Ao mesmo tempo estão a ser retiradas amostras biológicas para se fazer um estudo epidemiológico, saber a densidade genética da população, quantos animais nasceram de um pequeno grupo inicial, qual o tipo de doenças infecto-contagiosas que prevalecem, quais os parasitas”, acrescentou, frisando que a população de 180 cães, errantes e comunitários, vai ser tratada na segunda fase do projecto.
Após visitar o projecto, o presidente da Câmara de Faro, destacou a “adesão da população” e a particularidade de haver uma componente científica aliada à parte ambiental e enalteceu o trabalho desenvolvido pela Associação Animais de Rua.
“Para nós é uma satisfação contar com esta colaboração, tendo em conta que muitas vezes não temos meios para acompanhar e intervencionar as colónias que existem o concelho. Só podemos agradecer e o concelho beneficiou seguramente com este projecto”, considerou Rogério Bacalhau.
(Agência Lusa)