O ministro da Saúde defendeu ontem que os hospitais públicos vão conhecer ainda este ano uma “mudança radical” com um aumento de capital, já concretizado e superior a 450 milhões de euros.
É “uma mudança radical na Saúde em termos de equilíbrio destes hospitais e da possibilidade de fazerem novas encomendas, de fazer face à lei dos compromissos e da sua postura perante os fornecedores. Isto é uma mudança muito significativa”, disse Paulo Macedo.
O ministro comentava assim à Lusa o despacho assinado na sexta-feira pelos Ministérios da Saúde e das Finanças, de aumento de capital dos hospitais públicos “de norte a sul” do país e que envolve mais de 450 milhões de euros (não relacionados com as verbas do Orçamento do Estado). As verbas começam a ser disponibilizadas ainda este ano.
Paulo Macedo referiu que há hospitais em situações muito difíceis, “designadamente em termos de falência técnica” e que este dinheiro vai permitir a regularização de dívidas, a diminuição do passivo e o equilíbrio da situação financeira.
“É o maior esforço que o Estado faz na área social, em termos da Saúde”, afirmou Paulo Macedo, acrescentando que através dele os hospitais “conseguirão apresentar contas mais equilibradas, a gestão poderá ser feita numa base mais sã e sobretudo permite regularizar dívidas a fornecedores, algumas com alguns anos”.
O responsável lembrou que os hospitais tinham “um legado bastante negativo”, acumulando prejuízos anualmente, que os levou à falência técnica, pelo que “resolver esse legado” faz com que haja uma grande mudança.
Paulo Macedo falava à Agência Lusa depois de participar na festa de Natal da Comunidade Vida e Paz, que este ano, como em anos anteriores, juntou em Lisboa centenas de sem-abrigo e famílias carenciadas.
Nuno Fraga, um dos coordenadores da iniciativa, disse à Lusa que o número de participantes foi idêntico ao do ano passado, com mais gente no primeiro dia mas menos hoje, dia em que terminou a iniciativa, depois de uma missa celebrada pelo cardeal patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente.
Até meio da tarde de ontem tinham entrado no recinto da festa mais de 600 pessoas, segundo os números da organização.
Além da parte festiva e de distribuição de alimentos a iniciativa tem outras valências. Segundo os números oficiais no sábado entraram no local 952 pessoas (sem-abrigo e famílias carenciadas), tendo sido a área da saúde a mais procurada.
Fizeram-se 102 rastreios, administraram-se 117 vacinas, realizaram-se 45 consultas e mais de 60 pessoas passaram pela medicina dentária
“Destaca-se ainda o apoio da Segurança Social e do Instituto de Registo e Notariado que disponibilizaram serviços para a emissão da declaração de insuficiência económica e cartão do cidadão, desbloqueando assim as dificuldades de acesso à cidadania”, segundo a Comunidade Vida e Paz, uma organização que começou em 1988 a apoiar os sem-abrigo e que vai na 26.ª festa de natal.
Agência Lusa