A contagem das 32 circunscrições escoceses indica hoje a vitória do ‘não’ no referendo para a independência com 55,3% dos votos, enquanto o ‘sim’ obteve 44,7%, de acordo com dados oficiais.
Para vencer o referendo, um dos dois campos tinha de alcançar 1.852.828 votos, sendo que o ‘não’ obteve 2.001.926 eleitores, contra 1.617.989 do ‘sim’.
A participação no referendo, que decorreu ontem, atingiu um número recorde de 85,6% em eleições no país, com os escoceses a deslocarem-se às urnas desde as 7 horas da manhã. Não obstante a corrida às urnas ficou abaixo da previsão das autoridades que estimam que se tenham registado para a votação 97% das pessoas com direito a votar.
A Escócia decidiu assim pelo voto em referendo o seu destino, mas também o do Reino Unido mantendo, afinal, tudo como estava.
Constituído pela Grã-Bretanha (Inglaterra, País de Gales e Escócia) e pela Irlanda do Norte, integrada em 1801, o Reino Unido tal como o conhecemos hoje data de 1922, momento em que depois da secessão irlandesa sobrou para a coroa apenas parte da ilha da Irlanda, tendo o remanescente formado a República da Irlanda.
A Escócia integra o Reino Unido desde 1707, e apesar de ser um país não é um Estado soberano, tal como todas as partes integrantes do Reino Unido.
Desde o primeiro quartel do século xx que o Reino Unido não se debatia com uma questão tão séria em termos de unidade e o Governo de Sua Majestade teve de realizar um sprint final durante a campanha perante a ameaça das sondagens darem uma efectiva e real possibilidade de vitória ao “sim”.
O referendo de ontem na Escócia abre uma verdadeira caixa de pandora na Europa com vários problemas de autonomia de territórios em vários países, que vêem nesta votação um sobre-legitimidade às suas pretensões.
As promessa de David Cameron
As negociações entre escoceses e o poder central serão agora, seguramente, muito duras. David Cameron, primeiro-ministro do Reino Unido fez sérias promessas de reforço de autonomia aos escoceses, mesmo perante o desagrado de parte dos ingleses. Estas promessas terão agora de ser cumpridas pelo Governo de Sua Majestade e negociadas ao pormenor.
A tudo isto soma Cameron a responsabilidade de explicar a galeses e irlandeses do norte os termos da autonomia a conceder à Escócia, com as implicações que tal pode ter na vontade que estes territórios podem ter de acederem a direitos equivalentes.
A Escócia e o seu poder
A Escócia não é um país de somenos importância e constitui para o Reino Unido um elemento fundamental em três matérias primordiais, área territorial, energia e indústria.
Com 78,772 quilómetros quadrados situados no norte da Grã-Bertanha, a Escócia tem um peso preponderante do ponto de vista territorial dentro do Reino Unido e é a residência de mais de 5,3 milhões de almas.
A somar a este quadro estão as áreas de mar territorial, zona económica exclusiva e plataforma continental da Escócia, fundamentais para todo o Reino Unido, nomeadamente por serem a casa da maior reserva de petróleo da Europa. A Escócia é responsável pela parte de leão do fornecimento de energia ao Reino Unido, o que faz deste país, por si só, uma potência em termos europeus.
Por fim, a Escócia apresenta uma marcada tendência industrial. Muito embora não tão marcada como noutros tempos em que foi a maior potência industrial do velho continente, a Escócia é ainda hoje um potentado industrial do Reino Unido.