Quero comprar um carro elétrico ou um híbrido plug-in. Que opções tenho?
Muitas. Segundo a análise do Expresso, há 32 marcas com 141 modelos diferentes, com várias versões, preços e autonomia (veja a infografia em cima).
Posso fazer uma viagem grande com um carro elétrico?
Sim. As autonomias estão a crescer e há carros que dão para 700 km, mas a média são 400 km, e não quer dizer que sejam os mais caros (veja as tabelas em cima). E já há mais de quatro mil pontos de carregamento em todo o país, aliás, de acordo com o secretário de Estado da Mobilidade, Eduardo Pinheiro, até ao final do ano haverá pontos em todos os municípios. Ainda assim, o litoral e as grandes áreas metropolitanas, como Lisboa, são os que estão mais bem servidos. Há cada vez mais postos rápidos e ultrarrápidos nas autoestradas.
Demora muito a carregar?
Depende do carro e do carregador, mas é possível carregar 80% em menos de 20 minutos. De acordo com a Associação de Utilizadores de Veículos Elétricos (UVE), o aconselhável é manter a carga entre os 80% e os 10% e não abusar dos carregamentos rápidos. Se fizer isso, a bateria pode durar até 15 anos. Para Pedro Vinagre, administrador da EDP Comercial para a mobilidade elétrica, só faz sentido carregar 100% em casa, porque é mais barato e porque é onde se está mais tempo. Na prática, é como carregar um telemóvel: até aos 80% é rápido, mas dos 80% aos 100% demora mais tempo.
Quanto custa o carregamento e a manutenção?
Segundo dados da UVE, para atingir uma autonomia de 100 km custa €6 num posto público de carregamento rápido; €3 em casa, com uma tarifa normal, e €1,5 em casa, mas com tarifa bi-horária. Num carro a combustão, os 100 km custam entre €12 e €9 (gasolina/gasóleo). Já o custo médio da manutenção anual é de €50 num 100% elétrico e de €180 num carro a combustão (óleo, velas, líquido de refrigeração).
Os elétricos e os plug-in são mais caros?
Sim e não. O preço de venda de ambos é, efetivamente, mais caro, e ainda tem de comprar cabos e adaptadores de potência para carregar, que podem custar entre €300 e €500. Por exemplo, “um Peugeot 208 convencional custa €20 mil e um elétrico €30 mil”, diz Renato Carreiras, especialista em fiscalidade na Deloitte. Mas, “juntando os benefícios fiscais, os incentivos, a manutenção e o combustível mais baratos e os outros descontos, o diferencial é colmatado”. Acresce ainda que os preços estão a descer. Por exemplo, “os primeiros Tesla custavam €100 mil e agora já há modelos a €50 mil”, diz Renato Carreiras. Hoje, o mais barato custa €16.800 (os de €7350 e €12.805 que aparecem na tabela em cima são microcarros).
Então, que benefícios fiscais tem um particular?
Os 100% elétricos não pagam Imposto sobre Veículos (ISV) — os preços que vê na infografia já não o incluem — nem o Imposto Único de Circulação (IUC) — o selo do carro. Nos híbridos plug-in só paga 25% do ISV, mas o carro tem de ter 50 km de autonomia no motor elétrico e emitir 50 gramas de CO2/km. Os híbridos pagam 60% do ISV e também têm de ter 50 km de autonomia e emitir 50 gramas de CO2/km, mas, diz a UVE, neste caso “já muito poucos são elegíveis”.
E se for uma empresa?
Um 100% elétrico não paga ISV e IUC e ainda pode deduzir o IVA “se o carro custar até €62.500”, explica Renato Carreiras. Pode ainda “deduzir as amortizações até €62.500” e “não estão sujeitos a tributação autónoma”.Nos plug-in, a isenção do IVA é para carros que custem até €50 mil e a taxa de tributação autónoma é reduzida para 5%, 10% e 17,5% consoante o valor do carro. Por exemplo, um carro de €35 mil paga uma taxa de 35%, mas se for elétrico paga 17,5%. Os elétricos e os plug-in podem ainda deduzir o IVA da eletricidade usada para carregar.
Há incentivos?
Só se for 100% elétrico. Os híbridos ou híbridos plug-in não têm direito, porque este apoio é dado através do Fundo Ambiental e é só para carros sem emissões de CO2. As motas, quadriciclos e bicicletas elétricas também têm.
Sou particular, de quanto é o incentivo?
Um ligeiro de mercadorias tem um incentivo de €6 mil, seja qual for o preço do carro. Um ligeiro de passageiros recebe €3 mil, mas tem de custar até €62.500, contudo grande parte dos elétricos novos têm preços até esse valor. Os preços máximos da tabela em cima são dos topo de gama ou luxo.
Como faço para ter acesso?
Primeiro compra o carro e paga tudo, e depois candidata-se no site do Fundo Ambiental, a partir do segundo trimestre de cada ano, e espera uma resposta. Para os ligeiros de passageiros há 700 apoios e para os ligeiros de mercadorias são 150. Só se pode candidatar uma vez e, atenção, que as candidaturas esgotam rápido. Este ano, para os ligeiros de passageiros foram entregues 930 candidaturas e já foram aprovadas 695.
E para empresas, quanto é o incentivo e como tenho acesso?
É o mesmo processo, mas só se podem candidatar para comprar ligeiros de mercadorias — o de €6 mil —, mas podem fazê-lo quatro vezes. Como referido, as candidaturas são poucas — 150 —, mas este ano, das 197 que foram entregues, só 43 foram aprovadas.
O Orçamento do Estado é apresentado em breve. Haverá mais benefícios fiscais e mais incentivos?
Não. Nos 100% elétricos, “de benefícios já temos isenção de ISV e de IUC para os particulares, a que acresce a devolução do IVA e a isenção da tributação autónoma para as empresas. Não me parece que neste momento seja determinante [um aumento] para fazer a aquisição”, diz o secretário de Estado, em entrevista ao Expresso. E quanto aos apoios, “o Fundo Ambiental tem aumentado nos últimos cinco anos”, em particular para os ligeiros de mercadorias, “porque são os que circulam mais na cidade”, mas o dinheiro do Fundo Ambiental “não pode ser só para os carros”.
Há mais descontos?
Os 100% elétricos não pagam estacionamento em Beja, Guimarães, Loures, Funchal, Mirandela, Oliveira de Azeméis, Póvoa de Varzim, Ribeira Brava, Setúbal e Vila Real mediante algumas condições, que pode conhecer no site da UVE. Em Lisboa e Oeiras não paga na hora, mas tem de comprar um dístico que custa, respetivamente, €12 e €6 anuais. E no Porto tem um desconto de 15% nas avenças dos parques municipais. Têm ainda desconto de 50% nas portagens das ex-SCUT.
Notícia exclusiva do parceiro do jornal Postal do Algarve: Expresso