A Docapesca lançou recentemente o concurso público para a realização do projecto e RECAPE (Relatório de Conformidade Ambiental dos Projectos de Execução) do porto de recreio de Faro, que deverá ser realizado no cumprimento dos parâmetros definidos pela Declaração de Impacte Ambiental aprovada para este projecto em 2007 e que foi revalidada até Dezembro de 2016.
O novo porto de recreio contempla a construção de 275 novas amarrações (lugares de atracagem de barcos) para barcos de comprimento igual ou superior a oito metros na zona a sul da actual doca da cidade.
Do lado sul da linha de comboio nascerão assim um aterro com 2,9 hectares destinado a acolher instalações de apoio à náutica, um novo clube naval e um edifício de serviços administrativos e área comercial, bem como, um acesso viário ao porto e uma zona de atracagem para as embarcações com seis hectares preenchidos com fingers (estruturas flutuantes com passadiços e equipamento de amarração) e com um quebra-mar de circunscrição da área do porto, capaz de acolher 275 barcos.
Além disso, o projecto prevê a construção de um fundeadouro com capacidade para acolher mais 275 embarcações e mais de uma dezena de barcos de pesca locais.
O concurso lançado pela Docapesca, liderada pelo ex-autarca farense José Apolinário, tem como valor previsível de custo dos trabalhos de projecto e preparação do RECAPE 97 mil euros.
Um primeiro passo efectivo
Ao Postal, José Apolinário não se diz, para já, satisfeito com o lançamento do concurso.
“Só ficarei verdadeiramente satisfeito quando a frente ribeirinha de Faro estiver desenvolvida do ponto de vista das actividades náuticas, através de um conjunto de projectos que permitam um aproveitamento integrado daquela área e do potencial que a mesma oferece à cidade”, refere o dirigente da Docapesca, realçando que relativamente às áreas de competência da Docapesca este é mais um trabalho que se adequa “às orientações que temos recebido da senhora ministra [Assunção Cristas] no sentido de estabelecer parcerias com os municípios de norte a sul do país para o desenvolvimento de projectos na área do mar”.
Para Rogério Bacalhau, presidente da câmara local, “este é um projecto com claras mais-valias para a cidade e para o concelho, quer no âmbito da economia e do turismo, quer no que respeita à requalificação da relação que os farenses têm com a frente de mar da Ria Formosa que a cidade tem, mas que está subaproveitada”.
O autarca realça as “boas relações entre a câmara e a Docapesca neste processo em que a autarquia foi chamada a participar de forma relevante para o decurso e avanço dos trabalhos”.
Construção em regime de concessão
Sem avançar detalhes sobre como será realizada a construção do porto de recreio, José Apolinário sempre vai dizendo que “dentro da orientação existente por parte dos decisores políticos, o caminho mais provável é que a construção do porto de recreio de Faro passe por uma concessão a privados da construção e gestão da infra-estrutura”, sublinhando que “é o que me parece que melhor se adapta às condições económicas e de capacidade de investimento do Estado nesta altura, não esquecendo que caberá sempre ao poder político a decisão nesta matéria”.
Fica assim por saber – embora seja provável – se a concessão abrangerá a actual doca e espaços envolventes e se contemplará uma área de manutenção de embarcações, bem como apurar se no âmbito de um negócio paralelo poderá a mesma incluir a construção de imobiliário destinado à actividade hoteleira, um aspecto ventilado ao longo de anos para a área contígua ao espaço onde nascerá o novo porto de recreio, nomeadamente para os terrenos localizados atrás da estação de caminho-de-ferro da cidade.
Algarve mais próximo da oferta dos vizinhos de Huelva
Com mais 550 lugares quando estiver construído, o novo porto de recreio coloca o Algarve mais próximo da realidade da oferta de lugares de amarração existentes na província vizinha de Huelva.
Do lado de lá da fronteira, os portos e marinas de Ayamonte, Ilhas Cristina e Canela, El Torrón, El Rompido, Nuevo Portil, Punta Umbría, Huelva e Mazagón, disponibilizam cerca de 4.183 amarrações, de acordo com os dados da Junta de Andalucía.
Já no Algarve e de acordo com os dados da Região de Turismo do Algarve, actualmente portos de recreio e marinas garantem 3.731 amarrações distribuídas entre Lagos, Portimão, Albufeira e Vilamoura, no que toca a marinas, e Faro, Olhão, Tavira, Vila Real de Santo António e Boca do Rio, quanto a portos de recreio.
Um número que crescerá para mais de 4.500 com o novo porto de Faro e a futura infra-estrutura de Ferragudo, ainda à espera de investimento privado.
José Apolinário antecipa ainda novidades para os portos de recreio de Olhão e Vila Real de Santo António durante o primeiro semestre deste ano e o lançamento de um concurso para o ordenamento do porto de pesca de Tavira no espaço de um a dois meses.