Com um novo protesto pela abolição das portagens na A22 marcado para 8 de Dezembro, o porta-voz da Comissão de Utentes da Via do Infante (CUVI) disse à Lusa estar confiante que o novo Governo vai intervir naquela matéria.
Na próxima terça-feira completam-se quatro anos da introdução de portagens na Via do Infante, que atravessa o distrito de Faro e que passou desde então a ser designada por A22. O protesto convocado tanto na margem portuguesa quanto espanhola visa recordar o problema ao novo Governo.
“Temos um Governo formado no nosso país com os partidos de esquerda que, ou defenderam a redução para metade [do custo das portagens] como é o caso do PS, ou defenderam o fim das portagens, como é o caso do Bloco de Esquerda e do PCP”, disse o porta-voz da CUVI, José Domingos.
O anúncio da apresentação de um Projecto de Lei pelo grupo parlamentar do Bloco de Esquerda na próxima semana na Assembleia da República pugnando pela abolição das portagens naquela via algarvia é para a CUVI um sinal de esperança.
“Este Governo só tem de cumprir as promessas porque senão vai de ‘carrinho’ também”, comentou José Domingos que até admite que os deputados da actual oposição na Assembleia da República possam votar favoravelmente pela abolição das portagens naquela via que vinca: “Foi paga com fundos comunitários”.
CUVI alerta para impacto negativo das portagens
A A22 passou a ser gerida por uma parceria público-privada mas a CUVI tem vindo a alertar que o negócio é ruinoso para os cofres do Estado que assume anualmente o prejuízo da concessionária quando o tráfego não é o previsto, explicou o porta-voz.
Com a introdução das portagens na A22, a opção para os condutores que não querem ou não podem pagar as portagens e têm de se deslocar na região passa na maior parte das vezes pela circulação na Estrada Nacional 125.
José Domingos referiu que “a EN 125 está um caos, não se consegue circular porque é só buracos” e sublinhou que até ao final deste ano aquela estrada poderá contabilizar cerca de 10 mil acidentes rodoviários.
“É uma loucura”, comentou, lembrando que além dos 30 mortos declarados directamente na EN 125 há mais óbitos que ocorrem nos hospitais e que não contam para as estatísticas.
Além das questões de segurança rodoviária, a CUVI tem vindo ao longo de vários anos alertando para o impacto negativo das portagens na dinâmica económica e social do distrito de Faro cujo motor económico é o turismo.
José Domingos disse ter testemunhado no passado sábado uma fila com mais de 600 carros de matrícula espanhola que aguardavam na Ponte do Guadiana para receber o bilhete de acesso à A22 e alertou que persistem problemas técnicos para os turistas que utilizam aquela via.
A CUVI marcou o protesto para as 10 horas de terça-feira, 8 de Dezembro, junto à Ponte Internacional do Guadiana, altura em que serão anunciadas novas iniciativas de luta pela abolição das portagens no Algarve.
(Agência Lusa)