O Centro de Medicina Física e de Reabilitação do Sul (CMR Sul) comemorou ontem 10 anos de existência ao serviço da população do Algarve e não só, num aniversário que se assinala, ainda, com graves problemas ao nível da forma como se deverá assegurar no futuro o desempenho das funções desta que é a estrutura de referência do Sul do país no que toca à medicina física e de reabilitação.
Desde há muito cercado de problemas de gestão e organização, que afectaram sobremaneira a capacidade de resposta desta valência única às necessidades das populações algarvias, o esforço das várias forças políticas a nível local, regional e nacional, bem como de vários quadrantes da sociedade civil, foram e são essenciais para que uma solução de fundo do Governo e em particular do Ministério da Saúde possa colocar a visão de futuro para o equipamento de saúde nos trilhos do sucesso e do cumprimento da sua função primordial.
O empenho das várias forças da sociedade e da política
Lutas partidárias e eleitorais à parte, as intervenções das várias forças políticas e da sociedade junto dos mais variados fóruns de defesa da prestação de cuidados de saúde e da sua melhoria na região têm o duplo mérito de mostrar a preocupação de todos com o futuro do CMR Sul e com a salvaguarda do interesse dos utentes e de provar que os esforços de todos com um objectivo comum, ainda que não concertados, são a melhor forma de garantir às populações o cumprimento das suas necessidades.
O esforço da autarquia
Desde há muito que a autarquia de São Brás, liderada por Vítor Guerreiro acompanha com preocupação e reiterada convicção a situação grave a que chegou o CMR Sul, insistindo junto da tutela e do Governo, para uma solução capaz de garantir a continuidade e verdadeira eficiência do principal equipamento de saúde do concelho e desta que é uma unidade de referência regional.
Para Vítor Guerreiro, presidente da autarquia, “a preocupação com o CMR Sul foi total desde o primeiro momento das sucessivas dificuldades que o centro atravessou e atravessa”, mantivemos, recorda o edil, “com o Governo e directamente com o ministro da Saúde um diálogo constante de equilíbrio entre a exigência de respostas para a situação e a criação de condições para o desenvolvimento de uma solução de fundo, definitiva e sustentável”.
PSD de São-Brás arregassou as mangas em defesa do CMR Sul e do concelho
Já o PSD de São Brás de Alportel, liderado por Bruno Sousa Costa, arregaçou mangas e uniu a sociedade civil através de uma petição pública que levou o problema aos corredores do parlamento. Sem rodeios a exigir o que considera ser uma resposta necessária às questões do centro, da população de São Brás e do Algarve os social-democratas são-brasenses fizeram da petição “Pela Salvação do Centro de Medicina de Reabilitação do Sul”, uma arma e foram recebidos em audição no passado dia 30 de Março em comissão parlamentar, fazendo soar o descontentamento com aquilo que consideram uma situação grave e que imputam à “inércia do PS”.
Segundo o PSD de São Brás, “na audição, que consideramos positiva, foi novamente defendida e exigida a tomada de “… respostas céleres por parte do governo de forma a ultrapassar todos estes problemas que afetam o CMR Sul há 3 anos, (…) exigindo que se adote um modelo de gestão em que seja garantida a autonomia de gestão (clínica, administrativa e financeira) do referido Centro“, pelo que a nossa missão foi cumprida, por agora”.
Afirmam os social-democratas que “não podemos deixar passar em claro a manobra, de branqueamento do problema e desvalorização do poder de uma petição com cerca de duas mil assinaturas da população, que foi realizada pelo senhor presidente Vítor Guerreiro que, mantendo a sua habitual inércia de nunca fazer nada até o PSD tomar a iniciativa, resolveu ir de propósito a Lisboa reunir com o Ministro da Saúde no dia anterior à audição para desta forma anunciar algo que simplesmente não existe, apenas para fazer o seu show off sem qualquer resultado prático”.
E finalizam alegando que “na sua tentativa de “tapar o sol com a peneira” o senhor presidente Vítor Guerreiro, que lidera o executivo socialista da Câmara Municipal de São Brás de Alportel, conseguiu e obteve uma mão cheia de nada, ou dito de outra forma, promessas, promessas e mentiras para enganar a população, pois o próprio Ministro, na tentativa de mascarar a incapacidade do Governo PS e dar uma mãozinha a uma câmara socialista, anunciou algo que, simplesmente, nunca existiu, nem nunca foi pensado, tendo agora sido jogado para o ar para enganar todos os que tem lutado arduamente pela salvação do CMR Sul”.
A resposta do Ministério da Saúde
Quanto à última posição da tutela, que o PSD de São Brás classifica de “mão cheia de nada”, o ministro antecipa que “o Centro de Medicina Física e de Reabilitação do Sul terá autonomia financeira e de gestão para um funcionamento adequado às necessidades”.
O ministro acrescenta que “o novo modelo de gestão será constituído por quatro polos: duas unidades hospitalares, uma em Portimão, outra em Faro; o Centro de Medicina Física e de Reabilitação do Sul e, ainda, um polo de investigação interligado à Universidade do Algarve, sendo que o CMR Sul configurará um centro de responsabilidade integrada o qual assume como grande chave diferenciadora a autonomia atribuída a esta unidade de saúde”.
“Esta solução cujo início de implementação ocorrerá dentro de semanas, segundo o ministro da Saúde e assegurado pelo presidente da Administração Regional de Saúde, Paulo Morgado, assenta como princípio na gestão e coordenação dos serviços de forma autónoma por cada unidade hospitalar”, refere a autarquia são-brasense.
Certo é que quanto mais cedo forem tomadas decisões definitivas sobre o futuro da unidade de saúde que lhe permitam trabalhar em pleno, mais cedo poderá o CMR Sul fazer jus à sua reputação de excelência adquirida em uma década de verdadeiro serviço público em que 4.253 pessoas já foram tratadas naquela que é a unidade de referência na área da reabilitação intensiva e de cuidados especializados no âmbito do Serviço Nacional de Saúde.
Recorde-se que nesta primeira década de existência, no CMR Sul registam-se cerca de seis mil primeiras consultas, cerca de 20 mil actos de consulta de seguimento e cerca de 94 mil sessões no hospital de dia.
“A dedicação e o esforço dos profissionais de saúde daquele Centro para integrar o utente no seu contexto familiar e social com o maior grau de autonomia possível, prevenindo complicações futuras e promovendo uma participação activa do utente, refletem-se nas elevadas taxas de satisfação obtidas ao longo dos anos, que rondam, em média, os 96% no período de 2008 a 2016”, destaca a ARS Algarve na nota informativa sobre o aniversário da instituição.