Cientistas australianos estão a trabalhar num projeto que pretende fazer reviver o tigre-da-Tasmânia, extinto em 1936. A equipa de investigadores a cargo dos trabalhos afirma que poderá atingir este objetivo num espaço de 10 anos.
O tilacino, um marsupial mais comummente conhecido como tigre ou lobo da Tasmânia foi oficialmente extinto em 1936. Quase 90 anos depois e graças a uma doação de quase cinco milhões de euros, uma equipa de cientistas da Universidade de Melbourne está a estudar a possibilidade de ‘ressuscitar’ o marsupial. O projeto intitulado de TIGRR (sigla em inglês para Laboratório de Investigação e Restauração Genética Integrada de Tilacinos), pretende que a espécie seja recriada utilizando células estaminais e tecnologia de edição de genes, o que tornaria possível libertar na natureza o primeiro tilacino num espaço de 10 anos.
Para tal ser possível, os investigadores irão utilizar os genes de uma espécie de marsupial existente, o dunnart. Durante os próximos anos, os cientistas pretendem, em primeiro lugar, transformar as células de um dunnart em células de um tigre-da-Tasmânia. Posteriormente será gerado um embrião, numa placa de petri ou no ventre de uma fêmea de uma outra espécie de marsupial. Se a fêmea der à luz com sucesso, o processo irá ser repetido até haver um número significativo de exemplares que possam, posteriormente, ser libertados na natureza.
Se a equipa conseguir realizar esta proeza, será um passo revolucionário no que toca à edição genética e a outras descobertas científicas. Contudo, os investigadores estão a ser alvo de algumas críticas que chegam a comparar o estudo ao realizado no filme Parque Jurássico que retrata a ressurreição, através da ciência, de várias espécies de dinossauros.
“Quando as pessoas dizem: ‘Não aprendemos nada com o Parque Jurássico?’, bem, é muito diferente trazer de volta um velociraptor a um telacino”, disse ao jornal The Washington Post Andrew Pask, cientista responsável pelo projeto.
Os críticos apontam esta possível descoberta como não sendo essencial no que toca à conservação animal e que o dinheiro utilizado nestas investigações científicas poderia estar a ser usado para encontrar soluções realmente viáveis. A ideia de interferir com o ADN dos animais selvagens para os salvar não soa bem a muitos cientistas, éticos e ambientalistas que levantaram objeções à ideia de libertar criaturas geneticamente editadas, incluindo as que antes se encontravam extintas, sem compreender totalmente as potenciais consequências.
Cam Walker, porta-voz da ‘Friends of the Earth Australia’ (Amigos da Terra da Austrália em português), diz que a edição genética introduz novos riscos para os ecossistemas.
“Não apoiamos a edição de genes na conservação. Todo o processo envolve muitos eventos aleatórios cujos resultados finais não podem ser previstos”, afirmou Cam Walker citado pelo The Washington Post.
Andrew Pask, o cientista responsável pelo TIGRR, por outro lado, contesta estas alegações, afirmando que este estudo é essencial para um dia ser possível salvar várias espécies de animais que se encontrem em vias de extinção.
Esta ideia de reviver o tigre-da-Tasmânia não é nova. Já em 1999, O Museu Australiano iniciou um projeto de clonagem do animal e levou a cabo várias tentativas, porém sem sucesso. Agora, em 2022, estes cientistas australianos, juntamente com a empresa norte-americana, a Colossal, mostram-se confiantes em trazer de volta à vida, uma espécie que se julgava para sempre desaparecida.
A empresa Colossal deu também que falar no ano passado depois de divulgar que estaria a trabalhar num projeto semelhante, mas com o intuito de “ressuscitar” o mamute-lanoso.
- Texto: SIC Notícias, televisão parceira do POSTAL