A câmara de Alcoutim já remeteu ao Governo um pedido de esclarecimento sobre o avanço das obras de desassoreamento e balizamento do Guadiana a norte da Ponte Internacional sobre o rio que separa o Algarve da Andaluzia e os mesmos passos seguirá a Câmara de Castro Marim nos próximos dias.
A tomada de posição das autarquias do Baixo Guadiana foi confirmada pelos respectivos autarcas e surge na sequência da notícia publicada no POSTAL (VER).
Tal como o POSTAL noticiou, o Governo não avança uma data para o arranque das obras a norte da Ponte Internacional sobre o Guadiana, sendo que a sul da ponte e até à foz do rio as obras avançam depois do Verão e são da responsabilidade das autoridades espanholas que já puseram em marcha a sua parte da empreitada conjunta dos dois países para tratar das questões de navegabilidade daquele curso de água.
Em resposta a uma questão sobre a matéria colocada pelo POSTAL ao Gabinete do Secretário de Estado do Mar, o respectivo responsável não avança qualquer data para o início das obras da responsabilidade do Governo português, reconhecendo em conversa telefónica “as fortes limitações financeiras a que o Governo Português está sujeito”.
Assembleias municipais reagem a notícia do postal
É a esta resposta do Governo às perguntas do POSTAL que reagem as Assembleias Municipais de Alcoutim e Castro Marim.
Em Alcoutim a Assembleia Municipal aprovou por unanimidade uma moção que determina “manifestar a sua preocupação com o adiamento sucessivo dos trabalhos de desassoreamento e melhoramento da navegabilidade do canal internacional de navegação do Rio Guadiana”, ao mesmo tempo que decide “recomendar ao Governo da República a execução urgente da totalidade dos trabalhos previstos no supracitado memorando de entendimento, solicitar o envio urgente da listagem dos trabalhos previstos e informação das datas previsíveis para o arranque e conclusão dos trabalhos a desenvolver”.
Desta moção faz ainda parte a determinação de dar conhecimento da situação ao Presidente da República, à presidente e líderes dos grupos parlamentares da Assembleia da República, ao primeiro-ministro” e, ainda, a diversas entidades do Governo nacional e espanhol, bem como às autarquias e ayuntamientos ribeirinhos do Guadiana.
Já em Castro Marim os deputados da Assembleia Municipal eleitos pelo PS fizeram uma declaração onde manifestam ao presidente dos órgãos as mesmas preocupações com o avanço das obras a montante da ponte sobre o Guadiana e, embora não votada, a declaração foi unanimemente aceite na Assembleia Municipal, que a remeteu ao presidente da autarquia para que este manifeste as referidas preocupações junto dos órgãos competentes, confirmou ao POSTAL o presidente da Assembleia Municipal local, José Domingos.
Câmaras querem datas concretas e obra no terreno
Ao POSTAL o presidente da autarquia de Castro Marim, Francisco Amaral, afirmou que as obras no Guadiana “são uma necessidade absoluta para os concelhos ribeirinhos”, sublinhando que “os sucessivos Governos têm enganado as populações ao longo dos anos nesta matéria”.
Francisco Amaral recorda que o “Guadiana é solicitado por muitas embarcações ao longo de todo o ano, de várias dimensões, nomeadamente um barco hotel que todas as semanas sobe o rio”. Para o autarca, “o balizamento e desassoreamento do canal de navegação do Guadiana é determinante para o progresso de todo o Baixo Guadiana e não se pode ficar apenas pela intervenção já agendada pelas autoridades espanholas para o troço a sul da ponte e até à foz do rio”.
Já Osvaldo Gonçalves, presidente da Câmara de Alcoutim, afirma que “esta é uma questão a que as gerações vêm assistindo sem se vislumbrar uma solução concreta”, quando se trata, diz, “de uma matéria que pode fazer toda a diferença exactamente para essas gerações mais novas que vêem assim negadas oportunidades de emprego e de desenvolvimento que decerto seriam criadas com as obras concluídas”.
“O desassoreamento do Guadiana é vital para Alcoutim como forma de garantir o desenvolvimento do concelho”, sublinha o autarca, que não deixa de lamentar o facto do projecto inicial até ao Pomarão “já ter ficado sem possibilidade de realização”.
“Se fosse uma obra que dependesse da autarquia e estivesse dentro das nossas possibilidades já a teríamos feito”, conclui o autarca, para quem “o que importa é que o Governo diga nesta matéria em que data concreta avançam as obras e que trabalhos serão efectivamente realizados”.