A vulgarmente chamada “síndrome de olho seco” atinge cerca de 10 a 20% da população adulta. É uma doença inflamatória e caracteriza-se pela diminuição da produção de lágrimas ou pela deficiência em alguns dos seus componentes, acarretando a “má qualidade” das lágrimas. Manifesta-se como se tivéssemos areia nos olhos, ardor, irritação, lacrimejo acentuado, comichão, olhos vermelhos e dolorosos. É muito comum verificar-se um agravamento dos sintomas ao fim do dia.
O que causa o olho seco? São várias as razões: clima seco, atmosfera persistente de poluição atmosférica, o sistema de aquecimento no trabalho ou em casa, o ar condicionado e os monitores de computador, por exemplo. Há também o envelhecimento. Aos 65 anos, a produção das lágrimas é cerca de 40% daquela que é produzida aos 18 anos. A secura ocular pode também aparecer como efeito adverso de alguns medicamentos (caso dos anti-histamínicos e antidepressivos, contraceptivos, certos analgésicos, diuréticos e medicamentos usados no tratamento da hipertensão arterial e ocular). Considera-se que a utilização prolongada de lentes de contacto é também susceptível de provocar o olho seco.
As nossas lágrimas são essenciais. Constituídas por água, minerais, vitaminas, lípidos e proteínas, entre outras substâncias, devem ser de qualidade e quantidade suficientes para hidratar, oxigenar, nutrir, lubrificar e proteger os nossos olhos. São produzidas pelas glândulas lacrimais. Quando pestanejamos, a lágrima é distribuída uniformemente pela superfície ocular, formando o filme lacrimal. A lágrima é a primeira barreira de proteção da superfície ocular externa.
Então, como prevenir e tratar o olho seco? Evitando as situações que provocam o agravamento dos sintomas. Quem é portador de lentes de contacto não se deve esquecer que elas secam os olhos. Persistindo os sintomas, o olho seco deve ser alvo de avaliação clínica. O oftalmologista pode prescrever a utilização de colírios ou geles de substituição das lágrimas. Em alguns casos, os sintomas de olho seco podem ser aliviados com o recurso a soluções oculares medicamentosas descongestionantes e vasoconstritoras que aliviam os olhos vermelhos, mas que não substituem as lágrimas artificiais. O tratamento com recurso a lágrimas artificiais é o mais frequente.
O doente deve saber tirar partido do aconselhamento farmacêutico, pois há hoje um conjunto de medicamentos que não requerem receita médica para alívio do olho seco, designadamente colírios e geles oftálmicos. No balcão de farmácia, o doente não se deve esquecer de referir outras doenças que tenha, bem como os medicamentos que está a tomar. E pode avaliar com ele medidas de precaução e prevenção: um ambiente doméstico e de trabalho onde não deve faltar uma certa humidificação; pode justificar-se o uso de determinados suplementos nutricionais, mas não os adquira sem indicação farmacêutica. E peça sempre para lhe explicarem a técnica correta de aplicação de colírios, geles e pomadas oftálmicas.