Aos 67 anos de idade a professora Maria Eugénia Taveira assume-se como o rosto da candidatura do Bloco de esquerda à presidência da Câmara no município de Faro.
À frente de uma lista apresentada por um partido com fraca expressão autárquica no país e que nunca teve lugar no executivo camarário farense, Maria Eugénia Taveira aposta, naturalmente, em conseguir fazer a diferença nos resultados obtidos pelo seu partido na capital de distrito.
Maria Eugénia Taveira é a única candidata do sexo feminino à presidência da Câmara farense, candidatando-se num concelho que nunca teve uma presidente mulher desde as primeiras eleições para o poder autárquico em democracia realizadas em 1976.
As respostas da candidata às perguntas do POSTAL
Postal (P): Quais as razões determinantes para que se candidate à Presidência da Câmara?
Maria Eugénia Taveira (MET): Os últimos resultados do Bloco a nível nacional abriram uma janela de esperança às portuguesas e portugueses, depois de um período negro de governação da direita.
A influência do Bloco provou que havia políticas alternativas à ditadura do mercado e dos investidores, orientadas, ainda que incipientemente, para a defesa dos direitos de quem trabalha e de quem trabalhou uma vida inteira.
Também localmente, concretamente no concelhio de Faro, é preciso dar mais força ao Bloco de Esquerda, para que possamos influenciar reais mudanças na política, de modo a transformar Faro num município onde dê gosto viver, onde a preocupação com o bem-estar da população se sobreponha aos interesses dos poderosos.
Não ignoramos que uma real mudança só se consegue com a participação das/dos munícipes.
P: Na sua opinião quais são os problemas fundamentais do concelho?
MET: A exemplo do que se passa a nível nacional, há uma fraca resposta aos múltiplos casos de emergência social, associados a situações de carência, desemprego e precariedade, que atingem também trabalhadores de empresas privadas (aeroporto, hipermercados, banca e seguros, empresas de transportes, CTT, EDP, MEO/Altice, …)
Continua a ter um peso significativo no conjunto das preocupações das pessoas, sobretudo casais jovens, o problema da falta de habitação, paradoxal com a existência de demasiados imóveis desocupados e degradados.
Há a necessidade de defesa do espaço público, de que é exemplo, o parque de campismo da ilha de Faro, que deve, de uma vez por todas, ser reabilitado, para permitir que possam usufruir dele as/os farenses e quem nos visita e o passeio ribeirinho, que está praticamente ao abandono.
A melhoria da acessibilidade a Faro e da mobilidade, sobretudo na cidade, são problemas a resolver.
Quanto à falta de respeito pelos direitos dos animais, Faro não foge ao padrão nacional.
P: A sua candidatura é a melhor opção para dirigir os destinos da Câmara porquê?
MET: Qualquer que seja o presidente, é um facto que não possui uma “varinha mágica” capaz de resolver de imediato todos os problemas do concelho. Também não tenho essa veleidade, para mais não ignorando o peso que as diferentes forças políticas têm em Faro. A situação a que se chegou em Faro é resultado da alternância da direita e do PS na gestão do município.
Um presidente de Câmara deve estar disponível para ouvir os munícipes e envolver as instituições no sentido de dar resposta adequada aos seus justos anseios por uma melhor qualidade de vida. Tem de, também, estar aberto a um diálogo franco com os executivos das Juntas de Freguesia do concelho, os quais, mais próximos das/dos cidadãs/ãos, têm um melhor conhecimento dos problemas que as/os afectam.
Considero que somos uma boa opção, uma vez que temos uma equipa com vontade política para, de acordo com a matriz do BE, defender o direito das/dos munícipes a viver num concelho em que o progresso seja compatível com a solidariedade e a inclusão.
P: Quais as grandes propostas diferenciadoras da sua candidatura face às dos restantes candidatos?
MET: Temos alguma dificuldade em enunciar propostas significativamente diferenciadoras das das outras candidaturas, uma vez que, como é habitual em altura de eleições, há sempre muitas promessas.
Mais do que as promessas, interessa a vontade política para as pôr em prática. Não querendo ser juízes em causa própria, gostaríamos de ser a excepção a essa regra. Caberá aos munícipes a última palavra.
Quanto a propostas que julgamos realmente diferenciadoras:
– Defesa de políticas para as pessoas, políticas inclusivas, que esbatam diferenças entre quem vive em zonas com um pendor mais rural ou insular (caso dos três núcleos populacionais da Culatra) e quem vive na cidade.
políticas que respeitem os trabalhadores, em particular os dos serviços camarários, as crianças, os idosos, os jovens casais à procura de casa.
– Instituição do orçamento participativo, como forma de dar voz às/aos munícipes, num efectivo exercício de democracia.
P: As duas primeiras medidas estruturantes a avançar caso vença as eleições, quais serão?
MET: Relativamente à defesa de políticas para as pessoas, instituiríamos a figura de um/a provedor/a da/do munícipe que, em colaboração com o Conselho Local de Acção Social, já existente, fizesse o levantamento e acompanhamento das situações de carência, desemprego e precariedade.
Outra medida seria a requalificação urbana, no que respeita, quer à recuperação dos prédios degradados, quer à dignificação dos espaços públicos, como seja a manutenção dos espaços verdes e do passeio ribeirinho.
Falando de espaço público, já foi apresentado um projecto para o cais comercial, o qual deve ser motivo de análise e discussão, no sentido da sua transformação num espaço de lazer, desportivo,
cultural, e de conhecimento, ao serviço dos munícipes e de quem nos visita.