O que dizem os críticos da mudança?
Para os críticos da mudança, toda e qualquer mudança é nefasta e indesejável. Não obstante, a mudança é uma constante. Positiva ou negativa, a nível pessoal ou profissional, é uma certeza. Neste sentido, a permanente critica e fecho à mudança é uma negação da realidade, que irá impossibilitar a apreciação de qualquer mais-valia que possa resultar da geração de novas opções e novas realidades.
Quem ajudaria primeiro? Um(a) enfermeir(a), uma pessoa de muletas, um bebé a chorar ou um(a) idoso(a) de andarilho?
Talvez pela actual fase da vida, com duas crianças em casa, ou por configurar talvez o segmento mais frágil, a resposta é claramente “um bebé a chorar”. Assumindo que o choro resulta de uma necessidade de ajuda e não do choro normal do bebé. J
Que mensagem essencial quer passar aos seus (dois) filhos?
Que o trabalho é motivo de orgulho, que a educação (formal e informal) é o melhor activo que devem ambicionar, que as melhores coisas da vida não têm preço, e que devemos actuar perante os outros como gostaríamos que actuassem connosco.
Quem é que o faz rir?
As crianças. Mais concretamente a minha filha. Pela simplicidade, genuinidade e autenticidade das acções/reacções, e da percepção de como um sorriso no momento certo pode permitir (quase) tudo.
O que aprendeu com aqueles que admira?
Que o trabalho, o altruísmo, a generosidade, e a integridade profissional são características intrínsecas insubstituíveis. E que os atalhos, por muito aliciantes que possam parecer, acabam por ser contra produtivos. Na voz da sabedoria popular “quem é bom não precisa se gabar, porque o trabalho, reconhecido ou não, é alvo de orgulho”.
A dimensão das cidades é proporcional ao que esperamos delas?
As cidades agregam oportunidades e problemáticas crescentes quanto maior a sua dimensão. Adicionalmente, acabamos sempre por ser um alvo das nossas próprias expectativas, que influenciam a nossa actuação e modelam as nossas experiências.
Neste sentido, diria que a dimensão das cidades, como em tudo, integra múltiplos factores, e que as expectativas de cada um difere pela visão individual do mundo.
O que vê primeiro quando chega a uma cidade nova?
Felizmente, em função da actividade profissional, tenho tido oportunidade de conhecer cidades e culturas distintas. No entanto, o tempo acaba por ser extremamente curto, pelo que numa nova cidade, a primazia acaba por ser dada ao património arquitectónico e cultural, mais acessível e presente. No entanto, sempre que nos recordamos de uma cidade ou de uma viagem, penso que o factor intrinsecamente presente é a experiência culinária. Os cheiros, os sabores, os sons e as conversas. Essa é a experiencia a reter (e promover) em cada nova cidade.
Viajar dá-nos mais mundo ou ele já tem que estar em nós?
Claramente que sim. Dá-nos mais mundo. Quebra mitos e preconceitos (nomeadamente de que “lá fora é melhor” ou que “lá fora são melhores que nós”). Abre horizontes e acolhe novas experiências.
E penso que mais importante, viajar reforça o reconhecimento das nossas raízes. Quando mais saímos mais valorizamos o retorno. E quanto mais conhecemos do mundo e mais experiências acolhemos, mais valorizamos aquilo que é a nossa realidade local.
A tecnologia está a escravizar-nos?
Considero que não. Reconheço que é uma visão, uma perspectiva. Mas penso que nos cabe a nós definir como acolher a tecnologia e o papel que deve tomar na nossa vida, quer pessoal, quer profissional.
É fácil ficar escravo do e-mail, do telemóvel, da pressão das redes sociais e do mediatismo. Mas é igualmente fácil reconhecer o papel da tecnologia na melhoria da qualidade de vida, da democratização do acesso à informação, ou da optimização de processos.
Penso que este é um processo que é comum e recorrente historicamente, e que foi efectivamente acelerado com o acesso à tecnologia, mas a suposta escravização é algo que depende exclusivamente de cada um.
Qual é a grande originalidade do CRIA?
A equipa que tem conseguido manter, com pessoas jovens, dinâmicas, interessadas, criativas, empreendedoras, e altamente qualificada. E um grande sentido de “missão”, orientado pelas pessoas que têm liderado ou apoiado a actividade, desde reitores e respectivas equipas das reitorias, a coordenadores, administradores e parceiros externos.
Mais que tudo, penso que a noção de que o importante é acrescentar valor para quem nos procura, sabendo que não conseguiremos apoiar em todas as áreas, mas que o empreendedor, o investigador ou a empresa são a prioridade, e que é por eles que existimos, para procurar soluções.
A Pergunta ao entrevistador
Hugo Barros: Quais os três principais desafios para o Algarve nos próximos dez anos?
Henrique Dias Freire: Temos urgentemente que atrair e manter trabalhadores excelentes e tornar a região do Algarve num Pólo de Talento e Inovação no Mundo. Como terceiro desafio, é sine qua non garantir o fortalecimento das empresas jornalísticas com sede na região. Só com uma imprensa forte e independente podemos garantir o desenvolvimento de uma sociedade saudável e a qualidade da justiça.
Escolhas da Minha Vida!
O Livro: Bichos, de Miguel Torga
O Prato: Conquilhas, da Ria Formosa
A Bebida: Vinho tinto, nacional (Alentejo, Algarve ou Douro)
A Localidade: São Brás de Alportel, capital do mundo (esta é fácil)
A Viagem: Israel e Palestina
A Frase: Feito é melhor que perfeito!
Escritor: Miguel Torga