O projecto de construção do campo de golfe da Feitoria Fenícia, no concelho de Silves, cuja fase de consulta pública terminou na terça-feira da passada semana, recebeu críticas da associação ambientalista Quercus, que teme a destruição do património natural algarvio.
“A Quercus vem, mais uma vez, demonstrar a sua indignação e desagrado com a anunciada intenção de implementar o projecto numa zona classificada como Sítio de Importância Comunitária Arade/Odelouca, como Reserva Agrícola Natural e Reserva Ecológica Natura”, lê-se num comunicado da Associação Nacional de Conservação da Natureza (Quercus).
Além das críticas tecidas ao projecto, a associação lamenta que o Estudo de Impacte Ambiental não tenha reflectido se a região do Algarve, com 37 campos de golfe, três dos quais no concelho de Silves, não terá já atingido o seu limite neste segmento de mercado.
O projecto é da responsabilidade da empresa Feitoria Fenícia – Investimentos Agropecuários e Turísticos, Lda e, além de um campo de golfe de 18 buracos, abrange a construção de uma casa do clube e áreas dedicadas à manutenção da estrutura, acessos e estacionamento.
De acordo com o resumo não-técnico disponível no “site” da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Algarve, a propriedade onde os proponentes pretendem construir o campo de golfe tem uma área de 61,90 hectares.
Quercus diz que o Estudo de Impacte Ambiental tem várias lacunas
A Quercus vinca que o Estudo de Impacte Ambiental tem várias lacunas e não faz a justa explicação dos impactes ambientais reais da construção daquele campo de golfe. Os ambientalistas consideram ainda que a economia local pouco beneficiará com aquele projecto.
A construção de três bacias de retenção de água e a consequente destruição da linha de água que atravessa a propriedade é uma das preocupações apontadas assim como a desconsideração do impacto do uso de fertilizantes e pesticidas na qualidade da água e dos solos.
Os ambientalistas vincam que as classificações dos terrenos onde os investidores querem construir o campo de golfe foram atribuídas para garantir a protecção e salvaguarda de terrenos de qualidade agrícola e do património natural.
“Ao invés de ser adoptada uma política de desenvolvimento assente no balanço entre as áreas artificializadas e os ecossistemas naturais (…) continua-se a apostar na destruição de áreas nucleares para a conservação da natureza e na desconexão dos corredores ecológicos e na fragmentação da paisagem”, critica a Quercus.
(Agência Lusa)